sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Soneto, n.545(Forma 3/2/3/4/2, para Luciana Moraes)

Meu sangue é assim CabeLÊira
dos aguaçais ariÔstos desembestando
montanha abaixo em corredeira

e como FLOR deixa perfume no Vento:
meu rosto NU só do teu colo anda

engomado, cambareCÊ de aquarelas
que vão por infinitos caminhos acordar 
outro dia_____ no entorno elas árvores 

aprendem a dizer teu Nome 
porque o ar zunzumuRÊja em cigarras
que mais disputam microfone com os
pássaros - amor foi desde Sempre 

este MAR_______ e multidões de mim-Mesmo
correndo Aguaranzado pros teus braços.

Soneto de véspera de Natal(Soneto n.544, forma 3/2/3/4/2, para Caleb)

Apertei botão mágico:
céus e terra Passaram,
no ar em torno pomba da paz

planou como um piano de cauda,
ninGUÉM sobrando vivo em Massada.

Espelho, cumPÁdi meu, 
tu não te cansas de me mostrar 
as sete damas que faleceram

e o CariRÍ finalemente abandonado
após desbraCÊI' assim trÔpego
do último pau de arara indo embora,
vamborandá, BorandÁ________

que o chuvarÉu não chegou,
sem mais quás-quás e ApelÊs.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

SoneTORÓ nÂmber 1(Soneto, n.543, forma 3/2/3/4/2, para Luciana Moraes)

Janelas d'Alma, do portão pra Fora:
poeta olha o céu e
num tem Lua pra chamar 

conhaque, depois de vir nele bonde,
ausentes ELAS, MariNÍna e a Esperança_______

lá fora(dos ZÓio e bem por Tudo em roDÍlha)
uns truvarÃo de lÔUca escola de samba 
em permeRÊi' dela Chuva,

os grazobÓrdio da grajaú fazem laMÊ
neles carros, ela artéria que vem jacarepagUÁ
antes do MÊi' já faz valetas sangrarem água, 
'guaranZÉU curuMÍneo a brincar de erê

pelo espaCÍU dos casebres morraRÉU em VÓlta:
mais um janeiro pras estaTÍstica' delas EnchEEEntes...

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Crônica do enterro andarolante(Soneto, n.542, forma 3/2/3/4/2)

EleanFÓrea tarrrde no antiQUÍssimo dobre -
homens nele bar Bigorna dão respeito e
voz-Silêncio ao carro FÚnebre a trautear

na esquina...eles homens
encompridam os olhos, reverÊNcia! - ao

longuesquife que andapÁra e recomeça
o jequiÃO de saracotear os outros 
que ali rente vão também morrerencendo

junto à BRÚtura matÉria encaixotada -
cujo sooopro já não AnoitecerÁ
com os demais aquele dia, mundo 
de átomos sem os olhos e o calor mecÂnico 

da Alma(________ que esta, n'Outro NÓ dela existÊncia
espera o dia mÊs e Hora do JUÍZO.

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Música Urbana(Soneto, n.541, forma 3/2/3/4/2)

A noite acorda de um jeito hoje
assim ver aves noturnas voando 
com areia nos ZÓio_______

sombra de nuvem ou lago
no Rorscharch que você NÃO diz

pro teraPÊuta entediÁdo, e o vento sacode 
a cabiLÊra das acácia'.
Anota aí turumbÉIM_______

descoroNHÊço o movimento das águias 
sobre as altas vielas dos Andes,
eu que me achava o cedeÉFE
no ensino médio_____ ô coisa BÔua

os áureos tempos dela Internet
ficção científica!...

Soneto, n.540(Forma 3/2/3/4/2)

Setembro parece que desPÍU pijama
agora neste domingo público 
dezembro oito de dezenove_______

Inás sorriem por tudo quanto é 
flor pelos pátios, farrucheRÍLdas

de XÊÊÊro... eu nem também deixarei 
de Olhar na praça aqui dela
Saens Peña: verdeRÚÚR de toda essa

folhagem me Alembra?? - Schubert!! -
e o frescor delas cançÕES escrivinhÁdas
por ele... é tudo arranjo
de se ver FLOR por onde a vista estique

elas pernas_______quizomba AndÁria
tão primavera Atrasada...

sábado, 7 de dezembro de 2019

SonERÊturo-Estudo n.3(Soneto n.539, forma 3/2/3/4/2, para Caleb)

Intãão que - hoje CÔÔisa -
teve lua e conhaque,
e claro teve o cavalo

comovido como o diabo. Noite
um rÓÓr de guarÍNS, dentes graÚÚdxs______

e o cavalano - este que aqui vos fala
também não saberá responder  onde andam 
os anjos - aqueeles que Espineteavam

em cima do Café Palheta na Saens Peña -
porque "tragédia" em 1938
ind'era um gurinZÍ calça-curta(nem tinham
dividido o átomo...)_______

mas Hoje além de Amarildo,
tenho MUITO que chorar por ParaiSÓpolis.

Soneto Nublário(Soneto, n.538, forma 3/2/3/4/2)

Ilusão de sonho em cuja Esteira
a vida JAZ sem um segundo Z... - frase que
Pedrinho VIU, nele sabá

dos boitatás_______ todos eles
tenentes de um galão, dois galões 

"por ISSO o Peter Pan não quis crescer!" -
foi conclusão meio que Assim girassol 
trotando atrás do sol de todo dia________

Quer ver? Depois das barbas
o tempo é todo um NÓ de pauÍS-Ânsia,
e o rrrrrrr do Inverno se percebe longe 
mas tão Certo como Furna de cem bocas_________

as horas Ruem, tempo Perdido
se afobar.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Soneto, n.537(Forma 3/2/3/4/2)

Desse interLÚnio de elíssaras
trovejem Pontes: sobre os centauros,
sobre as cutias do campo de Santana,

chuva-Madre abarque os Ombro'
de NÓzes Tudo_______

todo o Complexo do Alemão 
que veja a Paaaz em vozes plenas
de Sêmpreres, girassóis EncanTÁrios

de novos céus, nova terra:
de Ofir as grandes barcaças importem
mármore, para as colunas do Templo,
ventos levem aos relógios NÓvulos Sons,

novas flautas______ e ogãs-Cubistas da Virgem
saÚdem o Novo Amanhã.

SonERÊturo-Estudo, n.2(Soneto n.536, forma 3/2/3/4/2. Para Augusto Guimaraens Cavalcanti)

Girassóis
retomam a dança
interrompida anteontem_______

é que ontem chuveRÊio em farrancho
guampou no céu dia todo,

inclusive na hora do velho Ferges
voltar pra casa na bicicleta pela grajaú
até a estrada dos três rios.

Anjos recolhem os ventos 
como roupas de um varal, nos cambaCÊS
delas nascentes as Iaras
se penteiam, satisfeiTÍssimas_______

ainda amanhã a linha do horizonte 
estará molhada.

Estudo Revisitaldo(Soneto, n.535, forma 3/2/3/4/2. À memória de Mário de Sá-Carneiro)

Volteiam dentro de Mim rodopios: existo
para assistir em Novelos o nascimento da
poesia, nas profundezas do homem_______

e AÍ colher no peito das árvores 
a seiva amiga das palavras - milagres,

ÚIvos, castelos, faróis -
onde os primeiros Três 
plantaram a Volta do pródigo.

No limiar das Esferas 
sorver o orvalho dos pianos
enquanto à espera da Musa______
que então virá dos braços da Estátua,

daremos Folga aos trombones 
enquanto Renasce o horizonte.


quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Soneto, n.534(Forma 3/2/3/4/2)

Os rádios ainda estragam
o reverBÉrio dos anjos, isso apesar 
deles refazerem as pirâmides 

enquanto o dia
calça luvas de Vidro.

Espero um pássaro de quatro folhas 
no embiruSSÚ das horas temporãs
que o vento traz em suas

ASAS______ grava teu nome, Sonho, 
no ebÓ das cartas feitas em Fogo,
ele-Evangelho que afaga a Lua
dele Horizonte com sete cores________

ruas Acesas, de cataventos
e mares-MÃES nas janelas.

SonERÊturo-Estudo, n.1(Soneto, n.533, forma 3/2/3/4/2, para Caleb)

Os tempos - passado e presente -
saÍram juntos
dela estátua de Pedra.

Na Tropicália o Manto da Apresentação
foi Ímã, pras Sete luas no céu_________

eu nunca mais fui a escola
e mais cantares d'Amor
na tarde preguiçosa________

bonde passa apressado
levando trocentas pernas que Nunca pensam
nos pianos Soltos nela planÍcie -
deserta de Almas - e por conseguinte

de ERÊouvidos que Ouçam______ é MAAAL
este troço de corpos que sÓ usam as pernas.

Soneto, n.532(Forma 3/2/3/4/2)

Impossível haver Circunferências
quando mundo Distóóópico
faz chover Quadraturas sobre elas casas,

e os bichos do campo
nunca mais fiaram minha roupa.

Estátuas de antigo mármore
brotam do chão já revestidas de mato,
ela-Flauta dos taquarais solfeja

novos sacis, peixes movem antenas
e os últimos vestígios do Dilúvio
retornam no Jubileu dos fla x flus -
pássaros bebem no sol de Julho

entrando Incerto nela janela Esquecida:
no entanto Ainda Nua num grande Abraço.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Duas histórias de 500 anos( Soneto, n.531, forma 3/2/3/4/2, pra maninha Nemayda Karina, de aniversário)

No escuro de mata Funda
dia nasce com braços finos,
assim mininos

de cara Suja_______ ali faz tempo 
não passa bicho grande nem gente,

gente Então, boota Tempo... o sol -
eu disse - parece assim braços finos
como os garotos nos sinais de trânsito 

num todo dia de encarnar Miséria...
ao menos mata Funda não vê
esse Fartum de iniquidade Caseira,
tão ver-Brasil desde... desde...

que o avô do avô do  ele-AVÔ
era - também - CarvoÊro! encardÍÍÍdo.



Soneto, n.530(Forma 3/2/3/4/2, pra maninha Nemayda Karina, de aniversário)

Saber Antigo que não estava 
nas páginas da bíblia aberta no
oratório, no entanto a mim VEIO

como Vozes dos oceanos pretéritos,
como Sal por todos os lados, como

os sabiás e seus flautícios de Jade:
o semeador a semear Saiu 
e do horizonte São Viramundo tirou

os últimos cavalos da Chuva... foi tempo
em que manhattan era pontilho num
mapa, e a lamparina do Hóspede 
brilhava nos corações bem Mais que elas velas

que hoje eles altares Vomitam: quéééde 
Amarildo e seu Direito ao sepulcro, seus Putoooos????

Soneto, n.529(Forma 3/2/3/4/2. Pra maninha Nemayda Karina, de aniversário)

Manhã suspende eles guizos 
e os ossos do Minotauro, firo a terra
onde em Catende um bisavô foi

maestro... sob eles pés caminhões 
e as sete cores no céu 

junto das clâmides de urubus-REI
a tarde inteira entre ôs girassóis,
e SIM já bem andaram seis horas 

e o relógio anda escondendo da Chuva
os últimos cavalos, velho Ferges
trouxe ao rebanho de tubas novo Antepasto
quando ela tarde e a manhã embranqueceram

as CÃS, e a noite aponta os discípulos 
em procissão pra Emaús.

Soneto ao Pau da Bandeira(n.528, forma 3/2/3/4/2. Pra maninha Nemayda Karina, de aniversário)

Mas gentes... ele Morro
do Pau da Bandeira 
periga vestir paletó

em tudo quanto é favela_______
janelas postas em calhaus de

brufunturgências Renhidas de facas-Lâmina,
e cada infante Morto na traseira da kombi
só faz Piorar a situação_______

não dá Mesmo pra fingir circunferência 
quando só quadriláteros Solfejam
e as carnes negras Sangram até perder 
eles Dentes, e isso deeesde a Canetada

dela Princesa______ cuidado Pátria,
os Três tão vindo aí com Relho Triplo!

domingo, 1 de dezembro de 2019

Antifoninha(Soneto, n.527, forma 3/2/3/4/2. Para Caleb)

Em cima do meu telhado 
angelins assim ao ChuverÊio esquecidos,
seus insolúveis solos de clarinete 

lamentam ausência de sol
na campina em frente, cujo AMARELO 

chama pianos prum galopÊio
e a primavera é curumim
saído da Casca______mas

HÔÔJE andaraimes desertos 
não suam tijolo, geÔÔlhos
não olharão este mês 
a torre da igreja Pronta_______

'noitereCÊU, CABRUNGOOU: padre fala
dos Quintos, sem NÚnca ter ido lá.

Soneto, n.526(Forma 3/2/3/4/2. Para Caleb)

Assim
ao ChuveRÊio esqueCÍdos
meus olhos Lókios, morDÁzes_________

talidoMÚRdo eu canto as armas e o varão,
aquele governador posto em VERGONHAAÁÁÁ

pelo jogador do Flamengo_____ parecendrendo
o que no Duro ele É - tramBÉRcio sem poesia 
nem mór-Decência ou Caráter.

O mundo alegoRÓrico se esVÁI
quando Emaús se Evoca nos torreÕES,
o filho pródigo desveste as roupas de Esfinge
e os lares todos são chamados de Volta_________

chuveRÊio encantaRÂndo meus rostos
refloresCÊU meus EUS-trezentos e cinquenta.

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Cantíguira, n.2(Soneto, n.525, forma 3/2/3/4/2, para Luciana Moraes)

Queria do mar elas Ondas,
beeem traz-Infância: mesmas que sopram
veludo sobre teus pés. Queria

dos ventos visgo de flauta-em-sol,
de encantações e mais sopradas cantigas,

e que viessem os sabiás cantadores 
vestindo batas Laranja,
e a manhã trouxesse dos Sonos

o altar deles teus olhos escuros:
acenderias a chamãã daquelas madras,
mulheres dançando a Roda
naquele TEU bosque Antigo_______

eu direi que andei mil léguas de Mundo
pra te Encontrar nos atabaques de Outubro.

Cantíguira, n.1(Soneto, n.524, forma 3/2/3/4/2. Para o Velho Ferges, outro Nome de minh'alma Velha)

Nuvens claras no porteú deles olhos,
o Acendedor de Lampiões está 
desligarando a noite______ quizombas

de erês-Cantares em procissão
deles pássaros: oboés e pifes, mais ocarinas 

num mar Inteiro de evém-Manhãtúria.
O Velho Ferges desmonta o papo
que até bem pouco trauveteava com anjos 

canhotos, violonistas na maior  parte -
prometeram pra ele o último arranjo
do Nazareth sobre o rio Quirinã,
todo ele acordes de Infinitamente________

ele Ernesto é também Braço da trupe:
ogãs-Cubistas da Virgem.

sábado, 23 de novembro de 2019

Soneto-LAnho(n.523, forma 3/2/3/4/2. Para Luciana Moraes)

Num mundo em Resto de raiz
as traças Sobem à mesa e
Itabira é vista como um LAnho

em calcinada parede: e DÓÓI
que é Barbaridade.

Na solidão do livro dos tempos 
o Brasil 'Inda é o país do futuro 
e a claque de galiNÁceos

aplaude os vôos que jamais espiarão
o Horizonte, morro Acima crescem queimadas
porque Paris vale mesmo uma missa -
frase que andam botando nelas

cartilhas______ traças Jantam na mesa,
ele Amarildo Continuará SEM enterro.

Soneto, n.522("Conhecitura" - pequena pastoral de São Mármaro. Nova forma, 3/2/3/4/2. Para Caleb.)

Homens passam encharconados de ombros
tranhorpecidos, NenhÚns - seculoLÓruns
giram seis vezes em pluri-SÓtãos

de facas amolaDÍssimas nesses ReflÚvios
em que não mais se diz:"a palavra Coisa-me"________

homens que têm sóis Mirins em seus
mundos, por ISSO a beira do Abismo 
nos ombros do Corcovado:

num corcoVÊio ela Estátua - chama
com dois Olhos Andando - faz Coorpo
com o lundú dos escravos e estende os braços 
pra separÂnça dos Tempos________

fogo, FÔÔgo do Inferno que virá aos homens 
solamente com passagem de Vinda.

terça-feira, 19 de novembro de 2019

Soneto FUneriÔso Atrasado(Soneto, n.521. Forma Paulo Henriques Britto. Para Caleb Baltazar)

Lá em cima do meu telhado 
o coronel quis enterrar a esposa_______

havia pra Isso um morRÓte, assim faceNÊro
construído com as sobras da última enchente e
foi preciso espantar quinze cisnes,

mas o lugar ficou mesmo à Jeito
pra abrigar MOImento_____ chamou-SE
um padre de Catanduva recÉm-sairÍdo
da casca do Seminário, na homilia 

ele lembrou aos presentes que a falecida
deixara a ermÍda terrestre no mesmo dia 
em que Heitor Villa-Lobos tranpoliNÍU-se

pro Além______ 17/11/59, as cem pessoas no telhado 
meu dimiRÁram-Se: ver Dona Chica com gato.

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Soneto, n.520(Forma 4/8/2. Outra versão pro "CantigoLOKI-o, n.1", com final alternativo à versão anterior. Para Luzinha, e Hugo Stutz)

Lá em cima do meu telhado - firulÍn, lu-LÍN -
angelins e seus flautins suspirosos
assim ao chuveRÊIO esquecidos____ vão lamentando 
ele sol que na campina defronte 

anda Relapso_______ seu AMARELO 
chama pianos prum galoPÊio 
e a primavera faz lembrar curumÍm
recém saÍdo da casca. MAS dentro d'Alma
as máquinas paradas: andARÂimes 
onde operários não Suam titijolo, geÔÔlhos
que(pelo menos) Este mÊs não verão Pronta 
a torre azÚÚl da igreja de 1932 em Bangu__________

eu(NÃO devia te dizer)...vou chaMÁR o DrumMÔnd
praqUÊle conhaque.


(*) Sugestão: ler ao som do
Choros n.5 - "Alma Brasileira" - para piano, de Villa-Lobos)

sábado, 2 de novembro de 2019

Soneto, n.519(Forma 4/8/2. Homilia de São Mármaro pra MIMdinzím. Para Luciana Moraes)

Outra cantrÁRcia
 de trucidos paralelePÍpedos,
desembestaldos,
 nhânCÚdos________

não Sou um Chico Xavier, mas na mão
o lápis canta fugatos de rimas loucas 
e Mais de paletós desencarnados: VINCOS
do escondido poço no armário a transbordar 
pelos olhos até o papel, esPÊlho de sete pernas
a me dizer "não me Enganas, rei TalaMÚrdo -
talvez Paris Valha mesmo dez missas, 
mas NÃO se Apresse pra mesa de quem tal NÓdoa

cantigueRÊIE"______ "noo Céu o Salvador 
está Olhando pra você".(*)

(*)Cantiga infantil ensinada às crianças 
nas igrejas presbiterianas.

quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Soneto, n.518(São Mármaro pensando. Alto. Forma Paulo Henriques Britto, para Luciana Moraes)

Toda vez que a Suburbana atravesso -
na altura do Capão do Bispo 'inda escuto

os lunduRÚS dos escravos, transfigurÊncia
deles pretos que não se acabam de morrer 
porque nosso esquecimento não Deixa 

e os homens que 'traPÁlham o tráfego 
são guerniCÁS ambulantes com rosto 
e fíbulas DEScadeirados no meio das ruas
gritando de fumaceira e candongas_______

graças aos TRÊS que a Poesia sopra onde quer,
levando pássaros aos olhÓIS deles homens 
e sonhos que pianolam a Galope_________

dos pulsos deles-Poetas
pende a Argamassa do mundo.

Soneto, n.517(Petit sermão de São Mármaro. Forma Paulo Henriques Britto. Para Caleb Baltazar)

Mundo treLÊNtchio, o nome que à Mesa pões
é catanDÚfio e veiÁCO, ébrio de Cinzas,

longe longe MUI Longe do retratim de mamãe
com um ano de idade. Olho pra Tudo,
e DES-vejo os Grão-braços da Estátua,

morro-Encó não tem Vez na cozinha 
e damos TCHAU pros batuques________
principal mandamento do Hóspede 
se despediu delas "chambres"

e das cabeças dos chefes, cantráárcias
de paralelepípedos derretiDILdos
e outros jardins Getsêmanis________

"Senhor eis meu quarto modéésto" - não será 
desculpa na gafieira do Juízo Final.

terça-feira, 29 de outubro de 2019

Soneto, n.516(Forma Paulo Henriques Britto)

O mundo que giroFLÊa Gere elas-Mortes 
que Nenhum templo virá salvar -

aeronauta a procurar suas ORÉÉsias
enquanto as alavancas dão guinadas 
como potro corcoveando falesiCÍdios

de lúcidas, InfÉrnitas arquiteturas:
ááái trabalho ÁÁspera vida padrasterNÍcia
onde os Quebrantos dÃo liçÕes de
má-Paternidade às coisas todas

e tudo é a morte que Existe NÉlas,
e a gente é mais nem-Isto de erexisTÊncia,
'inda Amarildo CONTINUUUA sumido________

ó Cristo da pedra Fria: homem começa de um Ovo
pra se acabar no TrevorRÔR de uma gaVÊta.

SonetoRÔnomo do tempo Findo(n.515, à memória de Antônio Conselheiro)

Abaixo dum céu de Cromo
aqui depomos o canto da cidade:
tiros sobre a criançalha e muscuLÊjos
dos anjos verdes do Mal

à solta no palácio Guanabara, é noite,
por tudo TUDO faz Noite_____ de pesadumbre
e mais de encÓs lacrimogêneos
por sobre os Ocres do homem,

silenciÊS dos tijolos, estrela Azul familiar
que na verdade são cavalos de Tróia
na solidão do livro dos Tempos: final
das carnes e das flores 'inda é o Mesmo,

timBRÊmbes Ásperos, último Olhááár
espiaÇÂndo o horizonte.

Soneto, n.514(Sobre autos de resistência)

CanTRÁrcias de paralelepípedos "Trucidos"
e muscuLÊjos dele horizonte azulejado 
com Sangue_______ mundo, como te chamas,
é o que perguntam meus lábios 

a cada novo EndroPÉrio onde crianças 
prosseguem levando tiros nas kombis
e morrendo em pleno colo de suas mães,
que nome - que não me Soe LEGIÃO -

podes depor à mesa, mundo??
Aqui chegamos: ela-puLÍça
e seus trezentos autos-de-resistência 
onde pra cada ofício cada josé

é um bandido Abatido______('inda morreram 
na contramÃO atrapalhando o Sábado).

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Cantiga(Versão soneto, n.513. Forma Paulo Henriques Britto. Para Luciana Moraes)

Se pá, cipó____ ou nada disso e 
alumbre, de sorte Grande:

primeira ponte foi Ela menina 
que me azumbrÔ pelos Zóio
setembro Inteiro no primeiro dia - ela

moça no degrau mais alto do
escorregador dançava no meio dos ratos,
os queridos Ratos DiVersos a varejar por ali -
meninos perdidos dum peter pan

tão meniRÍna e tão moça -
Santo Antônio discursaRÂndo aos peixes 
seria alecrim mágico dela Folia

que a primavera abriu Cantando
em Meu peito: amor Invade, e Fim.

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

SonetoNHÔ RodoPÍo(São Mármaro no Santo Daime. Soneto n.512, para Hugo Stutz)

Fachada de casa Antiga:
há chunguichungues dela-Fumaça 
Maria - a esgadanhar pra dentro do espelho 
o mapa do Brasil-MÚÚndi_________

ascendem hélices, ÚIvos,
cristais retinem de medo - os mil e dois
macacos do Fernando Sabino entram no palco 
e ali na esquina o mar vai cochamBRar

os estilhaços______ noutra parede 
a mina mais funda de Morro Velho 
volta a dar prata igual xerÉm vaca MÔcha,
ciranda de ocaRÍnimas rendÊiras_________

perfumes de longes ilhas, montes pascoÁIs,
e AlcançaRIS, catedrais...


(*) À memória de Camargo Guarnieri. Para ser lido ouvindo 
o terceiro movimento de sua Sinfonia n.2, "Uirapuru".

Soneto, n.511(Ao meu irmão André Mauro)

Madrugada chuviriscente
na ruazinha 'dormecida,
os cataventos lembram dez anjos 
soprando seus flautirins________

ela garoa solfeja, o velho Ferges
abre a janela pra sentir o Vento_______
setembro Entrou desde a garganta do cuco,
palavrarinhas cresCÊntias no achegue

à madrugada conforme garoa se
apruma feito miNÍno que IntÓrta voz
quando começa a se fazer marMÂnjo,
grossura com nome e sobrenome de

chuva... "torrencial", e o velho Ferges se Ri,
lembrando a tamanQUIce de seu Vicente Matheus.(*)


(*)"Jogo do Corinthians foi cancelado porque
garoava, 'torrencialmente'."

sábado, 31 de agosto de 2019

Soneto, n.510(Forma 4/8/2. À memória de Geraldo Viramundo. Visagem de São Mármaro num seis de janeiro. Para Caleb Baltazar)

É como se eu fosse graande
entre as ladeiras de Ouro Preto,
candelabros FulgisSem em meio às
nuvens e no campo santo da igreja 

andaroLÁsse um presépio mesmo entre 
as lápides do neto e do avô, a solfejar
o minueto do boi. Por cima ela-Matriz
a impÁR respeito aos vivos e aos mortos
(matriz cujo OganZÃ tem raízes 
até nela Ilha de Páscoa)______ ofício 
no altar Terrestre onde os poetas e os doidos 
dão-SE os PÉS, eu fosse grande,  a próópria

incarnesCÊncia da Folia, e o Canto
fosse AndÔr, em Lá Maior.

quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Ele-Tempo(Soneto, n.509, forma 4/8/2)

Ninguém se engane, que o Tempo -
cavalo solto em 'rastaPÉ urÚbuo -
anda cigano entre as gentes
des-rebitando holofotes:

pontos Finais que eram vÍrgulas
e mais bagaÇas que ele-Sonho ArriMÊA.
Não dá - nem ganja nem léria -
quando el' Hora abre a boCÁrra 
os reloJÕES trazem sátiros
que vêm prestos apagar a lÂmpada -
os ombros peito e baRÁços
do cântaro de prata junto à Fonte________

morte é como um chaPÉU
que o Tempo leva pela mão EmbÓÓra...

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Soneto, n.508(Forma 4/8/2)

A soma do quadrado dos catetos é Igual ao
Menezes-Côrtes de boca Aberta
cramPÂno as últimas árvores,
Jogâno' fora os ossinhos______

na rua BariRÍ o campeão brasileiro
de futebol da Série C em 1981
assiste à procissão de finados -
o Roxo como fragrância Majórita. O Semeador
aponta nos meniNINS carvoÊros os
náufragos do poder pÚblico, escândalo para
os judeus, loucura para os Etruscos(deixaram
seu Pasmo impresso nos Vasos)__________

os novos coronÉIS caem da escadaria do 'Theatro'
(cheio de obturaçÕES).



Petit sermão de São Mármaro(Soneto, n.507, forma Paulo Henriques Britto)

Tentei
tromboroVÉrsias e sóis:

mas só me ouviram as palavras,
ziriguiduns e as águias no mei' do céu
contando as horas pro Fim.

Malês de outrora andam rondando os quintais,
virÃO como o ladrÃO de noite 
que não carece ter cavalo de bronze 
pra debulhar os países

e ainda tocar num fagote a prÓxima atração 
que surgirá delas nuvens: o Cristo,
a tempo mesmo de evitar que o José

se afogue no lamaçal: pajelança
dum mundo Novo a caminho.

EpifanÁcia n.1(Soneto, n.506, forma Paulo Henriques Britto)

Memória do que sejam Cores
repinicando luz Sonoramente a

andarilhar nas janelas
abastecidas por sÓis:
aurora um DIA

em meus jardins certamente______ Gira
de chuva-Madre que abre os braços  Amiga
e pontes mais Encantárias trovejem 
se destampando em canhamboras

que existem para assistir 
ao nascimento da Poesia
nas profunduras dos primeiros Três________

no limiar das Esferas se Encontre o caminho 
pra Todos os filhos pródigos.

Soneto, n.505(Pro amigo Daniel Ribas. Forma Paulo Henriques Britto)

DomingORÔ dia dos pais em Bangu,
manhãÇAria em

pelancas GrÓssas de altares, oficiÊS:
os bois hoMÍnidas seguem comendo espingardas e
soltando fumos num MisturÊ

de muitas lÂmpadas de escuridão CrasseÚda,
jaqueline sepulta mais bonitona que os anjos,
mandingas de nazarÉS
e XerÉns no arroto do Instante:

meus sete erÊs-Cardeais 
marcando as horas em que meu RÔsto aparece
no Espelho de IndigeNÍssimas vertentes______

céu de Quases me Existe em desenRÊdos...
cardinaLÍcios, ponta-Areia sem Trem.

Soneto, n.504(Forma Paulo Henriques Britto)

Instantes de uns olhos-Púrpura
num tempo em que elas noites 

nem tudo Anoiteciam: havia no suBÚRbio
o respirããão da Portela trazendo pro carnaval 
ventácias de Modernuras_______

ainda no tempo em que o
retrato do Velho fazia todo mundo 
trabalhar direitinho_____ isso PRURque serafins 
jogavam no bicho em Bangu. Mas hoje 

andam Espaços no lado esquerdo 
e eu nunca mais fui a Escola,
sol de quase dezembro Sumiu por Tudo,

faz Nuvem, groSSa de raios:
já não direi Passarim.

DomingoRÔ(Soneto, n.503. À memória de Ana Cristina Cesar. Para Jéssica Campos)

Domingo público na praça grande,
manhã faz pouco tirou pijama,
velho Ferges pensando a vida
no banco de sorriso verde

('manhou farranCHÊs de ração para o 
rebanho de tubas 'inda escurÉU marfanhÁVA,
ouvindo ali dos gaLHÉus
o conta-gotas dos pássaros)________

na praça ambulam carrinhos chineses 
com bebês arquivados dentro - velho Ferges
olha compriiido neles, o pensamento 
amarroando cinZÁlias_______

"eles-Tudo têm Sorte, não viram zé-bolsonaro
e as Trééévas nas salas do hhomem".

Soneto em Lá Menor(n.502, para Luciana Moraes. Forma Paulo Henriques Britto)

Manhãçaria que em nÉvoas sobe o
tÚnel do sono: Alma esgadanhada

desCÁsca um sabão e num repente 
todas as trompas são liLÁs, dia
é Bem criança que nos Veste

a própria alm'IntÊra - isso desque os andaimes do
mundo não tinham olhos 
pra fazer a barba, roXÚndos Ipês
brotavam das axilas_______

depois mais faMÍlias bebendo chás
em xícaras jabaQUÉras, Norte lá fora 
move entranhas de florÁcias de arroz______

em cada rio um deus espera
pra nos  Conhecer.

Café no Paço em soneto(Soneto, n.501, com pitada de Manuel Bandeira. Forma Paulo Henriques Britto)

Caraça do Paço à tarde sem
farrancho de chuva_______ jaz aqui

um dos lenhos onde Brasil foi PAÍS 
de qualquer maneira à Vera: digam
ao povo que Fico.

Na mesa onde ponteio um café 
se ouve perto algum garrancho de 
som, quarteto de cordas,
talvez Beethoven______ há

gravidááde em meio aos fogos d'artifício,
mas troppo dolce
tipo ela flauta 

que o grilo do Manuel
queria tocar NÃO.(*)


(*)Poema "O Grilo".

Soneto, n.500(Forma Paulo Henriques Britto)

A torre do templo era desfôlhe, parede
sem quadro à Mostra:

montragem de mar Inteiro
armando as sete taças da Ira,
malasombrança de samba em dez pontos

'travessado por Faca_______ e o Rór de sangue
pÔs multidões na barca de Caronte,
porque não há mais íris, nem girassóis,
nem tempo_______

serafins choram lágrimas grossas
sobre o retrato do Velho, suspenso
entre dois acordes - riso à la dentes

reRÊquentados, banzantiNÁlia Cracuda
no sol de quase dezembro.

terça-feira, 20 de agosto de 2019

SonetinhoRÔso, Três(Soneto n.499, forma Paulo Henriques Britto)

Porque Paris valia bem uma missa
o rei protestante Peidou, e o sol

perdeu novamente as asas. A história 
é gorda em rocamboles desta Monta, 
céu de nuvens Rombudas:

mais de urubus-Canhambora
cortando em mil as horas tempoRÃS,
incêndios com lâminas Plenas,
cabou XerÉm que foi doce,

socavÕES são invernadas sem porta,
era dezembro e inda Amarildo não Pôde
ter sepultura_______

porque Paris vaale bem uma missa:
nunca se enterre Amarildo.

Soneto, n.498

Mais hoje mais amanhã 
virão luzeiros que acenderÃO CataprÚs
pelas asas dos pássaros,
na espuma dos oceanos.

A história - louca pra Julgar os homens -
vai sacudir os armários 
onde são Tantos os mortos,
vejo também tresandantes

águias sobre os últimos relógios,
vão pra perto do sol, perdem as asas
e se transformam: trombones-Machos 
a sacudir andaimes do próprio Céu__________

mais hoje, mais amanhã: demora, mas
se iludam NÃO_____ Caba-Mundo TAÍ.

Soneto, n.497

No antigo horto uma mesa,
e três mulheres em pedra.
Procuro um rosto, e do esperanto
há doze espelhos Possíveis________

mas era outra repartição que funcionava 
ali, berço do Samba - e da macumba
também, já que em Bahia ela poLÍcia
baixava esbregues, sarrafos

porque Paris bem Valia uma missa.
Há doze espelhos possÍveis e neles quero
ver de novo os cavalanos Azuis
migrando pelos paÍses todos______

onde Emaús se levante, as
asas Novas em folha.

Soneto delas galÁXIAS(n.496)

Em meu princÍpio está meu Fim,
sei disso antes dos quartetos de cordas 
do Villa-Lobos gritarem pra MIM,
tuHÚS com bolas de gude_______

mais hoje mais amanhã gente Aprende
palavras que brilham no Escuro,
o rádio mostrando a mesa,
a mesma onde por mortos

deram Aslam e o Hóspede, isso SIM
um engaNÃO dos capetas_____
coração Numeroso anda em Silêncio 
sobre tantas galáxias_______

visto os Outonos?
Em Cristo.

Soneto, n.495

Os elefantes eram pernas Imensas
sobre jardins de pianos.
Meu padim Ciço chamou mais sete,
seca fugiu gritando_________

das nuvens nascem peixeiras, zabumbas
bois faladores do espaço, sonatas
em tom Maior para flauta
sanfona-Odara e fagote.

Espero um sopro do Hóspede
antes do último Pássaro, mar depois
cobre esTÁtuas de pedra e a ilha
das tartarugas Gigantes________

sobre jardins de pianos, os elefantes 
tendo pernas Imensas.

Soneto, n.494

Por onde livros não falam
das guilhotinas da noite 
diversas musas sobressalentes
saem pela rua,

se derretendo à plena luz
do sábado que não vestiu CajuÍna, 
nem viu as flores correndo
brancas brancas de Susto_______

o samba que vei' depois
fez requebrar as sereias da marina da glória,
mar que não mais cantÊA
nela lÍngua do Pê_________

então os Três tocam FOGO
nos vestiLHões dele-Mundo.

Soneto, n.493

Há muito que os probleMÕES dele-Mundo
eram as ancas da morena
descatembraaando a avenida_______
demônios grandes e Ocres saltaram

os mourÕes do espelho: o Sexto anjo
jogou aos ares sua taça_______
no corcovado ela-Estátua tapou nariz,
depois sumiu, montada

em porco gigante. A musa descabelada 
sai toda em cubos gritando à solta,
olhei - eis cadeados nos ouvidos Todos,
candÕes que os homens deixaram

de por lá nos manuais______é Tarde,
o FIM gadanha a estrada das Paineiras.

Soneto, n.492

Ai dos que vendem meu povo 
por dez barris de petróleo - diz ela Antiga 
mandala, plena do Sopro
dos Três Primeiros, antes do fogo, antes 

do Prometeu e sua orquestra de Universos.
Antes do simples canalha assassinar um rei
na Nova York, mês dezembrÁrio, EscurÔso - 
a paciência do Senhor 

é FINDA_______ sÚbito um corpo
se estende no chão, não é ela-Elisa Samúdio
nem o pobre Amarildo, os Pântanos
cada mÊs mais crescem nas almas________

com Jão Grilo de estenÓgrafo
ê VÉÉÉM Juízo Final.

Soneto, n.491

Já houve um Paraguai
que pertenceu ao meu avô. As noites 
eram brancas de Susto e os índios mortos
dormiam atrás das cortinas_________

era o princípio de novembro 
e lá das vizinhanças de Patmos
ela-Memória imperava, salgando em postas
o fim do Mundo________

mãe, irmà e o espÍrito do rio 
porque mais asas se esqueceram de voar 
e há Serafins que Adorariam trucidar
ESTE presidente da RÉ-pública________

à beira do Abismo doze cestos de pÃes,
o nÚmero do quarto é 101.

SonetinhoRÔso dois(n.490, forma Paulo Henriques Britto.)

Aprenda a engatinhar, hÔmi-Feito - grita
o meu peixe de aquÁrio,

e que meus rogos te Alcancem,
clamo ao Senhor - desde as profÚÚndas
desta neblina ArraNHÊnta.

No meu cuRRículo está escrito 
que meu anjo da guarda ficou preso 
muitos anos, enquanto um regime de Exceção 
disconchavÁÁva o país. NinguÉm mais há

que distrAÍdo sopre na vidraça 
pra desenhar com o dedo um Sorriso,
não há mais disso em praça,

e nem à venda na casa Kosmos
(palmas d'Aço que ele-Planalto VUMÍÍTA).

Soneto ao Mário(n.489, forma Paulo Henriques Britto. À memória de Mário de Sá-Carneiro)

Revóólveres! Manhãs de armas!
Vitrais e deuses!______ deixei 

a alma em sÚÚmbras dele outro 
mundo(não Ouvi quão insolÚÚveis me Foram
aqueles solos de ocarina...)________

Sagres tornadas em vagalhÕEs Enforcados,
pedras com olhos de novilho, e
muRÚÚltidões 'creditando
que o homem desceu na Lua,

canção de Inverno, poema
descadeirÔSO. Ninguém ousando um café, um
acorde perfeito-maior, ninguÉm

chamando o anjo da guarda 
prUmas cervejas. NinguÉm.

SonetinhoRÔso(Soneto, n.488, forma Paulo Henriques Britto. À memória de Leevi Madetoja, compositor finlandês do séc. XX)

Louvado seja esse puçá catifundo,
beleLÉUS vertendo 'Rrebites

por entre sons de trombeta:
almas descaraLHÚdas passam rodando 
seus rastamundos plenos de criançÁLHA

sorridente feia e morta nos joelhos,
tarde já madurou
e um terço do mar já não existe,
serpente que já foi de pano

numa classe de escola bíblica
na igreja-Velha em Bangu_________antes
de matarem John Lennon

e multidões 'creditarem
que o homem desceu na Lua.

Soneto, n.487

As sete taças da Ira vestidas
em mãos de ibÓs curimÃs
são álbuns  Nus de retratos,
relho Enorme

na mão do grande Dragão.
Chegamos ao reino das chuvas Ácidas
em que homens pÕem fogo às nuvens,
abriu-se o livro dos Dias:

mulheres Arrancam minotauros dos seios,
na esquina um garrucho fardado
prega cartazes pedindo escusas pelo
transtorno, é pelo beeem do zé-povo________

as sete taças da Ira
já deram o pontaPÉ inicial.

Soneto do Semeador Ausente(n.486, forma Paulo Henriques Britto)

Irene boa, Irene prÊta, Irene
sempre de bom humor__________

e nos entanTÉUs desses gruVÊRnos
que evaporÁro Amarildo
foi Vítima

dessa puLÍça mais caveirÚda
cada verão que passa - tiro no quengo
e pelas costas______ homens de fato
com mais Carburadores no sangue,

noite sem chapéu e Lua,
gavetas-Séculos dum trem
que deixa Órfãos moças e quintais_________

eresperanças dum floriléu que
o Semeador já não caBRinca Mais.

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

PaisÁÁrge, com jesebÚrdios, n.2(Soneto, n.485, forma Paulo Henriques Britto)

Nu saí do ventre de minha mãe,
e as elocuÇÕes marrons vieram 

dispÔIS. Isso em combinação 
com o céu e os peixes. Ouvir 
a pátria poBRinha clamando junta

por um Louco e este mÔNdrio estar agora 
com a faixa da república dentro do CÚ
em NADA ajuda o jardim onde as
melhores frases de minha mãe viraram

FLORES, palavra, eu Teemo por ele,
com tanto merd'oliva tÓxico no cÉu
por Tudo... a casa, assim como a Tartária

é Velha de arritmias e macaCÔas peladas,
noite é MEESMO sem conhaque e Lua.

PaisÁÁrge, com jesebÚrdios(Soneto, n.484, forma 4/8/2. Para Caleb Baltazar)

Ah, os hÔmi... passam 'charcados,
pluriembebidos em SI, mas seus ombrÔS
são todo um poste de Mar e
almas vestidas em SAL_________

ilhargamaSSa  que É
conversa pra boi DRUmí, janela 
para a qual se fecham dez sóis,
turturuVÊio dos capetas. 
Eis a verdade: soldado cujos costados
jazendo mortos e Arrefecendo no campo 
("está Boa a cigarreira, ele é que já não Serve"):
é verso que não mais corre com sete PÉS...

______todo este ombro
é Nenhum.

SonetoroRÓ(soneto, n.483)

Aqui onde elas traças sobem à mesa
itabirana é a Certeza quando se olha 
o quadro ranhurando a parede: DÓI,
que é barbaridade________

Brasília agita os calÇÂmes dum forroBÓ
onde as Cucuias de nóis todos dão-SE os pés,
o pobre - tengo lengo tengo lengo -
já NÃO mais anda de avião  e nem

tem Nove Dedos no Alvorada...
pararam as obras da matriz 
e os pareDÊS sem vitrais são nossos 
rostos de Onde se 'rancaram as janelas_______

ele Amarildo não tem mais corpo, engavetaram
seu Nome - Eli LÂÂma sabacTÂni...

domingo, 18 de agosto de 2019

"É NÔÔÔITE"(Soneto, n.482, forma Paulo Henriques Britto. À memória de Dorival Caymmi)

A noite pôs dentadura e tuPÉte
pra fora, sem chapeLÉU e sem lua

que, dispensada do Ofício ia bêbada
na condução, de misturÉBA com pernas,
um monte delas vestindo carcaCÊ

merd'oliva, num jeito que se Drummond Visse
também não teria A solução 
(nos estÁdios há Risco de os quero-queros
levarem tiro nas fuças________

São Paulo não reconheceria neste araPÔngueo
carburatÓrio a antiga lÍngua dos homÊIns)
mais do que antes formigas carRÉgam unhas,

estrada pro: BelelÉÉÉu________ ê lambaÊê
lamBÁio, ê lamBA - ÊÊ lambaaio...

SoneteRÊto(Soneto, n.481, forma Paulo Henriques Britto)

Então um mundo - onde os bebês
hoje guardados em carRÍNS germânicos

ficarão Surdos e isso beeem antes
de poderem ouvir o Guarani_______
todos os eixos, esqueçam Agora

o claraRÃO da lua sugerindo uns pifas,
mundo 'caba amanhã quando O Relógio
desesperado coaxar como os sapos
e gastar o tempo do acrÉScimo

pensando um verso que não Virá,
tijolo água andarÂIme cimento
homens seguem trabalhando trabalhando

trabalhando_______ Planalto gueDÊia o bedelho:
"Previdência é Igual boi Morto na enchente.

Mais estudo de Corvos(Soneto, n.480. À memória de Mário de Sá-Carneiro. Forma 4/8/2)

...e desde há-Muito se acabaram os
homens______ procuro um rosto
em meio à Farsa do guarda-roupa,
já não Cabe dar o batismo às flores -

irÃo pagÃS como senZÊros RÚins
servir de arauto ao FIM de todas as coisas,
vejo terraços onde aos livros se Arrancaram
as LÍNGUAS, há nuvens GrÃnhas VREmêias
que nem zeBÚ que vai dar Marrada,
mar é Tudo que não sinto mais
e que Anoitece como o Mário no poema
"Torniquete"________ folgadamente

descomeDÊja um boi-Morto, sou EU, pendente
desde o pesCÔço, num perrrneRÊ de ceroula.

SonetoRÓ(Soneto, n.479, forma Paulo Henriques Britto)

No Méier de onde saÍ uns TabeÓcios
achavam que bastááva nascer_________

engano, mais Ledo e profundorÔso,
nos horizontes faltavam há muito
os anjos de calça larga e gravata

ainda com paciência pra ensinar o jazz
num mundoÊ cada vez com menor número
de pessoas-AVES, não há Seu Jorge da CapadÓcia
que Reescreva o milagre dos peixes

nos farraPÓS amerÍndios. A tarde
avÔa pro seu Fim, não há mais Carne
no calçamento das gentes, são mesmo enXÂme

de NÃO-pessoas MALancÚdas_______ só
resta ao coração numeroso andar SILÊNCIO.

sábado, 17 de agosto de 2019

Soneto, n.478(Forma Paulo Henriques Britto)

CreuzeBÚs cardinÁlios que não têm graça,
NENHUMA______ 'sse futuro que - Avaro -

pelas janelas avança qual bailarino
que não sentiu na prÓxima Dança
a queda SEM rede à espreita,

não há manhã sob este sol MunGUÉlo,
a gente reza para ouvir o Uirapuru
como se o lago 'inda coubesse na sala,
as poças continuam nos pÉs mesmo

com as fugas de Azul pelos telhados,
pÁssaros que(sem sentidos) funcionam
como relÓgios com menos cabides,

muros que Ardem com chama antiga,
fuTÚÚNS de faca - amoladíSSima, Insone.

Soneto do vento e da minha vida(Soneto, n.477. À memória de Manuel Bandeira. Dedicado a Henrique João Stutz)

        "O vento varria as folhas..."(Manuel Bandeira) 

O vento varre as sépias folhudas
ainda à solta nela grande Escadaria -
Moisés no cume em Pisga abraça a
terra com os Olhos, 'inda é verão

DESTE lado e no palácio dos pássaros
o vento varre as folhas e a minha
vida, em Laranjeiras NÃO mais
rosto de cinquenta primaveras,

poucos se Tocam - perderam o
milagre_____ ternura é incêndio nele
vão das Agulhas, vão Botocudas as Dores
dum império que as Brumas raaasgam nos dentes:_

achar cavalos marinhos em NADA
irá salvar a geração que aSSassSSinou Marielle...



(*)Consultar "Vento no Litoral", da Legião Urbana.

PaiSÁrge em brÊu de soneto(Soneto, n.476)

Caminhando contra ele-Vento
vej'onças pardas à escuridão do
mei'dia... no porto bulhes de adeuses,
lenços, tchauzinhos________

na igreja a Górnia cÂnta os tijolos,
pÚlpitos perdÊram FÔrma
da litania dos perdões... pois amanhã 
um SOCO trará segunda feira 

já previamente morta com Farofa...
a casa Kosmos segue viagem 
em cardinales buNÍtas, caRÁs
presidÊNtes...____________

e tarde a  tarde os canaviÁIS
que não VÓltam...

Soneto, n.475

Esquinas, circunsCRESCÊnticas
assistem ônibus fechando os botecos
nascidos em subúrbios nos melhores 
dias, ela-Vida

zanza nas alergias, se apequeNÉRA
em velhas passeando totÓs pelas ruaÇas,
cartas da paciência espadanadas
na pequerrucha cozinha________

lá - como de resto nos outros cÔmodos -
lá não tem claro/escuro MAIS, desQUÊ
phalSÁrios com bÍblias cagÁram nos arco-Íris
e no planÁLto o cap(e)tão rola-BÓsta

tomou de aSSalto o Alvorada: cavalos Vermelhos
circunsCRESCÊndo ellas caLLes con Sangre.

Soneto, n.474(forma Paulo Henriques Britto)

A máquina do mundo Chegou no vento
sem emitir um som que fosse Náufrago:

mÊs Nasceu na cidadela de SusÃ
com número Absurdo de abutres,
rrrádio traz mais chifres em cabeCÊS

de cavalo contra a vileÂnça dos carros,
noite come os subúrbios onde mais gente 
dorme com fome e os livros não trocam 
dentição______ lá do Planalto 

se dinamitam as universidades 
com Bs-29 transjunCÂndo de corpos
a barca-Mor de Caronte, num tem mais Síndico

pra gente pedir socorro: mataaaaram grã-Mariele
(e naquela noite 'inda Amarildo INSEPULTO).

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Ombrélias chamaNANdo os Fogos(Soneto, n.473, forma 4/8/2, à memória de Maiakovski)

"Não há futuro pras jaquelines sepultas
dos ribeiRÍns" - dizia a malta
que 'inda pisava as florÊncias
com mais Tutano, e canhoLÊS e tropas________

o "Tempo" do Walter Franco - tiquetaque bem
depressa - andou com pernas e SARRAFAÇAIS
quilomeTRÊNIOS direção dos Quintos,
chegou no vento outubro vinte e oito
e estes olhos viram joÕES tranqueRÚdos
irem cantaaando pro Alçapão - os próprios bois
pasmando em Ver como a fazenda-modelo
erige pra dona Morte erês festins e reizados_______

quem tem ouvidos favor criar na cara Vergonha,
de outubro ACÁ mais Amarildos Sumiram.

Soneto, n.472(Para a amiga Tatiana Pequeno. Forma Paulo Henriques Britto)

Há reticências que falam por SI:
Perdi fla X flus, e a esperançália(Marina)

no itoroRÓ não achei. Ilê-ficheiro
de enferrujar-se no charco a própria 
chuva, por cima os flautins

SUMIRAM da gaveta dos anjos, meu
lado esquerdo anda Espaço, a piramBÊra
à mostra como zepelins trazendo a GenÍ
mais coronéis sacruleJÂno' as giromba'...

há reticências que por si discursam
com voz de maracaNÃS______ boi morto
esse terceiro dia de páscoa aos homens

de boa vontade... onde cabia Deus folgadamente
os mesmos homens aSSorearam grãs-Mortes.

Soneto, n.471(Forma Paulo Henriques Britto)

Olhei paredes e escadarices:
um cristo Falso dos mares

entronqueRÁva por tudo ranCÂNdo os couro'
das portas e salas do homem, mãos ao 
trabalho, espÍritos - continuai a azaFÁRnea

de pôr gradeiros nas janelas das almas,
o Semeador Inda sai
mas paciência dos Três tá bem chegando
nos limites do pote, intÃo dispois

não adianta parar aTÔnito
em frente à grande escadaria:
bolsonaro está no Planalto, Serafins

indiferentes virão fechar em Bronze Eterno 
todas as Portas: rancharééÉÉu dos Infernos.

Soneto, n.470(Forma 4/8/2)

CeremitÉrios andam redôntchos,
de tão mas TÃO gordos: até da tabacaria 
brotam zebus pra barca dele Caronte,
coitado, agora sem folga, ou céu.

As crinas e o estandarte azul
viraram Grita dos horizontes em pêlo,
artesanato infinito e mais burumbás,
mais lunários de Momo. A banda nunca 
mais Voz - o Deus-minino precisa ouvir cantar
o minueto do boi, pra que os beatos santÊros
possam botar de-comer na boca dos filhos-árvores,
quero ir contigo, pequena, onde o mar InfinitÊie_________

isso apesar de ermitões, cemitérios, carontes:
Vamos fugir sobre cavalos marinhos.

Soneto, n.469

Os homens seguem obrigando as plantas 
a mudar as camisas, globo de fogo 
sem cão nem deus, sem sopro de Voz 
a lembrar que se tire ela Pedra,

a fim de que da caverna 
o pássaro Saia, tangendo música 
e adornos de Lanças sobre teu dorso, 
teus seios, teus bandolins.

Os homens seguem soltando fogos 
sobre meninos ossudos, cada mangueira 
agora pode esconder um atirador da polícia,
nós voltamos ao tempo dos galeões Digeridos________

servindo de minueto na escada dos Séculos,
bicho nervoso, ele-BOI: descomedido na Enchente.

Soneto, n.468

Um dia foram borboletas 
que de bicicleta saíram pelas janelas
do homem: anjos cubistas tocaram Schubert 
na praça, num repente 

era o Princípio, a Palavra: os Três 
levantam das cavernidades um cós de Mão 
bicando o dorso verde das montanhas 
onde trafegam pianos em flor.

Enquanto isso inda é verão na cidade, 
me lembro o clube da rua Bariri,
Olaria campeão brasileiro da Série C
em 1981_________

e as borboletas de bicicleta me levam
onde a piscina, LÁ, continuará Retinindo.

Soneto, n.467(Forma 4/8/2. À memória de Mário de Sá-Carneiro)

Para um Silêncio onde amanhãs
não têm roupa e se pluriextanguem
no frio Irreparável que são os chicotes 
dessa cotidiana vida é que preparo

o terno que irei usar nos Chanfalhos...
TacitÚrnico percebo não ter sido rei
nem quando os matos vestiam meu bairro
e inda joanInhas vermelhas dançavam 
no prado em frente...
Para um Silêncio onde os futuros 
são toda a parábola da figueira Seca
preparo meus rÉis de azinhavrado Adeus________

munduRÃO Vidrilhó que sobre minha capa
plantou serpentes, foz de outonos e Espadas...

quarta-feira, 12 de junho de 2019

Soneteratofônico Dois(n.466. Forma Paulo Henriques Britto)

TaciTÚrnico nos interlúnios -
coisa ou poeta Inimportando

quando ela tarde em grupos de cinquenta
eVÉM caindo pelas janelas da alma,
e escafedÊR-se está mais fora do cardÁPIO

do que o Bangu nelas cabeças da Série A:
a gente Sente as salas Desespelhadas,
sente dos minotauros o catifundo baFÊjo
nos cangorÓtes, e as bíblias nos oratórios

padecem falência Crônica de Escadarias....
a luz por MAIS que intransplanDÊça
fechou-SE a Bronze onde elas horas NÃO

passam_________ ele Amarildo continua morto,
e a gente SEM poder enterrá-lo.

Soneto Arretirado(n.465. Forma Paulo Henriques Britto)

Onde saltérios encanecidos pela
fumaça dos cavalos de ferro e Oonde

tossem relógios 'marfaNHÁdos à Esmo
foi que amarrei meu Jumento -
ossos e a pele-jambo que Visto__________

'sse marzão fetiBUNdo eivado de gravatás
talqualmente o assoalho da casa
de mãe joana sim-senhora,
fogo-Espantéu e nem Antônio Conselheiro

amanheceu_________ do céu esporro
de cada Vez na minha cara
um Rosto de cada Tempo___________

restando ao mucuJÊ  bater com o pé na
pedra, a pedra Preta e Porto Alegre, TCHAU.

Soneto DomininGUË em Bangu(n. 464. À memória de Emily Dickinson.Para Adeivan Ferreira e Luciana Moraes)

Manhã que dos vitrais escadescente Aparece,
velho Ferges deixa os filisteus no pesadelo,
e a Casa deles TRÊS adentra o coração
do velho pastor de tubas__________

o templo da velha igreja presbiteriana
é luz de tardes Hiberninguais(há Muito
um choro de criança não brota daqueles
mármores, e vez por outra o sino da Parca

apaga do rol de membros quem foi minino
em 1930). Tempo assombra de menezes-côrtes
esfumaçando os jardins, Isso não é sopa -
já Murilo Mendes diria. O velho Ferges no entanto

é Todo escalas musicais Subintes: o próprio Lírio
passando Impóluto pelos piores solos.

Esboço a Carvão tambÉM(Soneto, n.463, forma 4/8/2. Para Caleb Baltazar. À memória de Ana Cristina Cesar)

Naufrágio delas luzes de Ofir:
não lembro um céu que me consOle,
capibEribe, capibAribe, iNINterlúnios
que não se gatografam simplesmente,

porque areias d'África jangaram corvos
e o Rosto da europa Anoiteceu,
morreu Sebastião, cabou-SE efó,
o nome morto na lápide se Estende
incrementando o chá-de-língua dos
grimÕES e púlpitos, belerofonte(sobre dois pés)
sem banzo d'Asas pra chamar de chuva,
nunca Mais o corpo do Amarildo Apareceu:

naufRÁgio e muuuuito delas luzes d'Ofir,
não lembro mêêÊÊSmo um céu que me Console.

Esboço a Carvão(Soneto, n.462)

Eu consultei o Mito: 'ssa ausÊNcia
de Erês no coração dos homÍnIdas
eXplica os tons de ChumbÊO
à galoclope CLOPE no céu____________

noite Vastíssima, antiga,
de não mais poemas correndo
soltos na areia, tez-Açaí
das guerras sempre no espeCtro

dos EspelhÔmetros, as danças
na gaiolÊnia do mundo são espantÉUs
de anti-árias para assobio(não há bocas
brotando das janelas da Alma)__________

a Esfinge prepara Avessos
em Todas as suas respostas.
 

Soneto, n.461

Em casa, o velho Ferges de volta
após seu turno de vigia - un peu
de tristesse, evém noitÊra
que não promete, luar

sem Verniz__________ bem que ele
tentou ver pássaros juntando conchas
no costeRÉU da grajaú-jacarepaguá
quando voltava na bicicleta.

MundÃO verÉio anda há tempos
com o bafo do dragão nos cangotes,
o jazz que dizem sair delas bocas
é MALTA, d'espiguiNHÊntos gravataÍS_________

- "é", seu Ferges pensando - "Armagedons
'STÃO todos quase Maduros de TUDO."

Esboço com chifres, Dois(Soneto, n.460)

Manhã que de Amanhãs
mais distanCÊA os costados:
eVÉm sem buço muy Gracias
ao magaNÃO capirÔto que do Planalto

semeia bosta num modo corno,
cornÍSSimo, CorniSSíSSimo -
sem bonifrÁtio e decÊncia
e a gente povo nóis-Tudo

segue o Drummond num tempo
em que não se diz mais
"meu Deus", bonde segue a fanfÁRRA
de AQUI ser a ilha de Manhattan___________

José meu régio, e AGORA? Calendário
empacou na quarta feira de Cinzas...

Esboço com chifres(Soneto, n.459)

Chegou este tempo Absurdo desde
novembro-menos-um-quarto,
manhã sem Buço, nem hoje
nem Nunca_______________

mais chifres em cabeCÊs de cavalo,
serafins descalçados PÉdem socorro,
vomitam locomotivas: guilhotiNÉrias
fumam cigarros feitos da cabeça

das Horas, mas culpa é Nossa,
tamanha - chuVÃO de facas orgânicas
às cinco horas, avenida central para
matar o meu amor e MATEI__________

carnaval se EsmiLÍngue
ver embaÚvas espiguiNHÊntas.

terça-feira, 26 de março de 2019

Historieta Amarguinha(Soneto, n.458. Para a confrade Laís Araruna)

Noite vasta, antiquÍSsima, naufrágio 
das luzes de Ofir no espaço-Tempo
dos reloJÕES derretidos, a própria vida 
um céu de árvores DecotadÍssimas_________

naus que aos portos de Lisboa não Mais
nasceram, desque ele rei Sebastião 
SUMIU nas areias da África, alcÁcer
de Ocaso adulto e seus trezentos baraços

"ah Portugal tu hoje és NevoÊIro",
e as horas flÉbeis, outonais, escondem olhos
que foram o Rosto da Europa,
hoje espantÉU de ânforas Vazias_________

noite AntiquÍssima, ao Longe o mar
que Mais se afasta, e que foi Nosso um dia.

segunda-feira, 25 de março de 2019

Soneto, n.457(À memória dele Amarildo)

Renasço de estradas gêmeas - pedras 
jequitinhonhas, mão
que desce à pé dos meus Espantos
sol Danado na tarde________

um século girou Seis vezes, horÂndias
que lesmeiam gordas - tempo
de se exumarem infâncias
que a gente enterrou BEM Fundo,

sótão de faca cega e gárgulas
dormindo no quengo que homens calÇaram
no alto do Corcovado: jançam viÚvas
que não recebem pensão_________

um século girou Seis vezes, 'inda Amarildo
continurÚa sem entÊrro.

sábado, 23 de fevereiro de 2019

Cantiga da tarde Enrubrêr-se(Soneto, n.456, forma 4/8/2.)

Vétero bosque de retorcidas falanges________
bardo encontra a Cantárcia,
cinco mulheres(de pedra)________
olho d'Água entrega uns Ingás,

vestindo os bÚzios da missa,
me lembram de atender aos meus
mortos, Mar que nunca 
emurchÉce.
Estudei o rosto dos cÁucasos -
toré falava da intarCÊncia
de estrelas, santas nasTÁcias -
destino que é dançarino,

no entanto Mar que não esquece 
que é Água.

Relatório de maio(Versão soneto, n.455, forma Paulo Henriques Britto.)

Não há películas de vidro que MusculÊjem efós,
rosáceas de mais falarem 

as línguas dos homens_______ faltam janelas,
futúns de faca invadem as Rodas
e sempre o Mar realça como Nenhum cinema 

a insÔnia que pelos dedos EscÓrre.
Sobram películas de más-MulÊnciAs
quando a montagem não explica imagem 
e pior, PIOR: poucos se Tocam

que perderam o milagre, astronautas Nus
e meios-fios dentados, som dos shoppings
é Mar sem margens e de mãos Digeridas 

o efó de não MAIS sol, nem jornalÍcies
e Amarildo continua Sumido...

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Soneto, n.454

Ipês e pães - paruís
de não se enxergarem Lilazes
e as horas_______ maçambucaba
amplificada em dilÚvios.

Mortos das guerras Púnicas descem
na paulicéia para o sete de setembro,
à frente tocando o gado 
vai cabo Machado marchando,

negrÊs de cinco por quatro 
na farda cÁqui esvoaçando às Ventuças,
não há Quem pegue os relógios,
puxe as cordas pra TRÁS________

ipês e pães, paruís de não Mais
se enxergarem Lilazes...

CançoneRÊta de Cordovil(Versão soneto, n.453, forma Paulo Henriques Britto)

O tordo acorda e anota no caderNÊ:
mar inteiro é mais que dálias gigantescentes

e gavetas de acordes dissonantes________
num mesmo Lado anjos esperam o mei'-dia
pra avisar os homens que parem de Assombrar

o Tempo, mundeÚ cada mÊs 
sem Infância. Tempestade Sorri porque há cada vez 
menos amigos do Hóspede, corpos caem dos andaimes 
mais sem haver quem lhes Nasça,

parece-Me conhecer esta MÓrte
desde o Princípio_________
o tordo acorda, ESTE é seu trilo:

mar que é MESMO 
mais que dálias gigantescentes.