quinta-feira, 30 de julho de 2020

Soneto Tricolor(Soneto n.614, forma 3/2/7/2, para Luciana Quintão de Moraes, e Augusto GuimarÃEns CavalCÂnti)

O CÁudalo deste coVId colidindo nas
pÁÁlpebras_____ loZÂngulo que
a VIrgem e seus miguÉis arCÂnjos

perdÊram tÔdo o mÊi' de cÂmpo
porque o céu tem as janelas Fendidas...

a tempesTÁde corta os seres pelo MÊio...
eu tenho o olhar de quem herdou
a Solidão que todo torcedor tricolor sente
desde a Partida de seu Nelson Rodrigues,
coVId eVÉm pioroNÁr o medo MÊdo
de encarar o sobrenatural de Almeida
em carne-osso-do-esPÍrito_________

ó jardiNEira vai se fuDÊr - ÊÊu não tenho
pressa de entrar pro Álbum de retrAtos...

SoNÊto da AlegrÍa AlegrÍa(Soneto n.613, forma Inglesa. Para meu irmão André, & à memória de Mário de Sá-Carneiro))

Assim como Éra em hÚmnovenovehÚm no
ramal belford roxo dela Central -
"aos ÚLtimos cinco vagÕes
não se aproCHÊguem os CÓrpos" -

assim também 'ranCÁdo jaz o
báculo de Momo, derribanÇÁdo
em plena passarela do Samba,
a SÊde - meu cumPÁdi - é

tÂÂntala_____num tem Orlando TacaPÁu
sem impressão digital lamenTÁÁvel,
o chá-COvid ImPÚbere ferMÊnta porque no
joÊlho uma criÂnça sorriDÊnte feia e

MÓrta esTÊnde a mÃÃo______ um
PÔuco mais de Sol, e FÔra Brasa...

Soneto, n.B-612(À memória de Saint Exupéry, forma 3/2/7/2, e para Luciana Quintão de Moraes)

Era uma VEz rua das CÁsas
sem nÚÚmero
no CHifre das PÓrtas. A rua

é de pedraLHAs sem CÔr e de PÊlos
em DesaLInho, meu pOvo

que te Fiz EU?? EEu quis juntar os teus
FIlhos - LAmenta o HÓspede - o
tom Menor dá ao quarteto de CÓrdas
a gravidade que os homens puXÁro'
como se LÂmbe um puLÔver VÉlho,
foi ISSO - ao grÃo-CoCÔ____tidiAno
acrescentaram sem DÓ ParaiSÓpolis, FÓra

a candeLÁria que ninGUÉM 'tÁ preso, e
ÍÍnda Amarildo SEM caixÃo contiNUUa!!

sábado, 25 de julho de 2020

Estudo metade pÁssaro (Versão soneto, parte II, n.611, forma Inglesa. À memória d'Alphonsus de Guimaraens, à cidade de Mariana-MG)

Começo a aprender um VErso
e onde mãe acaba e começa
a filha o Álbum de retrAtos
encontrou-ME no Azul_________

mistÉÉrio do pÓs-FIM de TOdos
apesar dos cemiTÉrios irÁ segUIR
sendo falado pelos bares enquanto o Mar
esBAnja a língua do P

e eles pÁssaros em VÉRtigens
xaMÃnam Sombras com assoVIIos -
na derraDEira estrada até nas terras
onde é ClAAra a meia-noite ecoa o

Ofício de Trevas______em Mariana o som do ÓÓrgão
embala o SOOno de Alphonsus.

Estudo metade pÁssaro(Versão soneto, parte I, n.610, Forma 3/2/7/2. À memória d'Alphonsus de Guimaraens, e para a cidade de Mariana-MG)

Na derradeira estrada ela palavra "homem"
vira azuLÊjo, RÓtulo que põe
a Calça, mundo mudando a cara

e as NUvens MIjam
TÂmaras d'AsFAlto.

O aPÓstolo São Paulo não era bEEm
o TemplÁrio que Imaginamos,
ele-VEnto aposentou sapatos de dAnça,
não adianta prosseGUIr desCAlço
nem se apresentar como Raimundo -
todo conhaque não virÁ salvar o mundo
nem alIÁS rima Alguma,

jamAAis______podem os senhores PÁssaros
tirar os CÁvalos da ChÚva.

quinta-feira, 23 de julho de 2020

Soneto, n.609(Forma Inglesa. À memória de Ana Cristina Cesar)

Manhã de fato: chuVIsco nos olhos MÓrios
que entreLAça os dedos nela Mão
dela GarÔa, sopro em GrÂÂy subindo
o cocuruto dos morros________ mais

sem 'cabaMENto as redondilhas, porque VOzes -
grÃ-DespetaLAdas e FriorÊÊntas
quando em OOOntem mais se VÉste
dia seguinte e o seguinte e o depois -

cada um Mil anciÕEs sem guarda chuva
e mesmo Assim Descolorindo nas
praças, coisa ou poeta
iNIMportAAndo no Interlúnio__________

e a fumaça? Ê vai sumIIndo, aldelGAça -
esvoaça, esvoAça, esvoAAça...

Estudo em forma de Soneto e SOno(Soneto n.608, forma 3/2/7/2, para Marrí)

Sonhei que PiraQUÁra era igreja
enOOrme______multiTOns dos alaÚdes
tangeRÍdos pelos TamOIos com os

dentes, já que os dedos de venCIdos guerreirÓPOdes
eles guardavam pra tocar guitarra

às três horas da manhã(de PREferÊncia):
talvez Espante o galharÃO 'LouqueCÍÍdo
e numa Outra ensolarada terça feira
a escola Tasso da SilVÊira não partilhe
do TRIlho antes VIsto em Columbine,
eRÊntão SE acorde o mundo, 
pare o trem e dele DEsça o atirador MAlÚco,

a história adentre pelo pé do pinto,
e SÁia pelo pé do pato.

quarta-feira, 22 de julho de 2020

Cantilen/Ária(Versão soneto, n.607, forma 3/2/7/2, para piano e sanFONa, dedicado a Luciana Quintão de Moraes)

Em NEsta Altura - July e o dia, 22(MEU número)-
um mOOnte de pangeriÕEs que nem
Jacinto OssÁurio - ele e mais Mil -

JAZem TÃO mÓrtos - Dickens diria -
como o Raio dele prÉgo d'Uma porta.

A cÔvi-19 - se ela nunqueNÚncara exisTIsse,
e era Capaz - daqui dois anos -
o DESgoverno SinverGUEnza bolsoNÁZI
andar CaVÁla à PÊQUÊPÊ da História:
assim um DespauTÉrio d'Um momento e só,
mas NÃO_______a pandemia e seus TragediaMENtos
terra AfÓra só agrÁÁva a BÓsta BRuta

dos 57 mil MilhOĒs de IrresponSÁveis_______
Jacinto OssÁurio bem no MEIO deles.

sábado, 18 de julho de 2020

O BÔto-OrfÊU(Versão soneto, n.606, forma 3/2/7/2)

O certo agora é que: se FÔramos num
qualquer Tempo ele-Algum NÓrte,
fudÊU-se a cuia em-AgÓra,

bateu suas PAlmas o Abismo, Cosmo entrou
pelos soPÉS em mÓr-fragOso Esquecimento,

e no InVÉrso do que FÔramos no COrpo
o prÓprio HÓspede
deixou de estar à Porta_______ hoje há mais
CÁlices de estanho nas janelas - nenHUM
deitando os Olhos pra Jardins -
ali também não mais estÃO as
mãos, outrOra MAres de exisTÊncias

e Jandiras_______ que era Onde o rÔsto-MÚndo
comeÇAva...

sexta-feira, 17 de julho de 2020

Sonatina em PerERÊ-caiXÁ-de-FÓsforo(Versão soneto, n.605, forma 3/2/7/2, para Ana Cristina Cesar)

Nasci NÚnca, sob o signo da Virgem
(muito embora me Encantasse o Azul) -
ele-Sangue das entranhas ME descia

três em três degraus delas GenGIvas,
e falava línguas deles homens e dos anjos_______

Sol me Surge mesmo ao Cabo 
deste Mundo - e o preço sAbe a ÁRduo
e se VÊ - jaburengos me subiram pelas
pernas(VÃOS reMEndos de esqueletos Mudos) -
tal marimba d'Entre Olhos
é Muralha de fatAL GatografIA, -
Ana abre(Curiosa) o Céu_________

(des)Rebenque d' AzuLAdos fósseis,
nasciNÚNquios sob o signo da Virgem.

quarta-feira, 15 de julho de 2020

Aqui, 'coLÁ(Versão soneto, n.604, forma Paulo Henriques Britto, para Augusto Guimaraens Cavalcanti)

O gado amOita na capoeira
enquanto a marteLAda do Vento

aponta o próximo 'guaCÊro, os
ramisCAlhos dos pÓs trovejam a cara
da Gente, penteando pés-de-galinha

nos olhos_____ Curimba enGÁlha à fÓrceps
o chuvarÃO que já Vem, e
Betelgeuse - aquela gigante vermelha -
também sofre de catarata nas FUças,

os velhos telescópios gritam ÊÊ BOI!! -
são trinta mãos de serafins
e mais trombetas________

até pelo Espaço SaracoTÊÊIA
ele cheirUme das águas.

Um Soneto Acreano(Soneto n.603, forma 3/2/7/2, dedicado a Luis Turiba. Em memória de Ana Cristina Cesar & Mário de Andrade)

Neste interLÚnio - coisa ou poeta INIMportando -
o "nutriMEnto" dos peixes 'xplÓde em postas
pelos mares Todos, graças ao Excesso

dos homiNÍdeos na Praça. Na visão do polígrafo
o seringueiro descascando a borracha

'inda é o Mesmo de 1929, Isso Sim
causa FriÚme por Dentro, sentença
que a gente LÊ espadaNÁda nos pedaços de
vidro, é noviLÚnio e tem TreVÚra pior
banzando Solta no quarto: o tetraneto
do acreano que o Mário viu se deitar
em 29 após fazer a borracha___________

almoça e janta a MESMA SofrÊNcia -

coisa ou poeta INIIMportÂndo no interlÚnio.

terça-feira, 7 de julho de 2020

ManhÃ's Song (Versão soneto, n.602, forma 3/2/7/2, para Luciana Quintão de Moraes, e à memória de Mario Quintana)

*epígrafe:"Eu canto em português errado"(Renato Russo)*

É despau-
TÉrio ou quiZOMba?
Cantar

em português errado
como ele Renato Russo disse

é priviLÉgio ou diLEma?_______
Gente pensa em graMÁtica
ao VER o sol
batendo na janela do quarto? Gente pensa
em regÊNcia
quando ele em Rosa -
o Jardim -

lá fora vai banzando Agraciado
igual Virge' Maria?

sábado, 4 de julho de 2020

Saturday in the park (porquÊ today is fourth of July, Soneto n.601, forma 3/2/7/2. À memória de Franz Schubert - também meu Amigo - e para Luciana Quintão de Moraes)

Cinco da tarde olha o café na mesa
da cama______o sol(Vai) se ArRÚbra,
Saturday in the park as the Chicago (*)

says________and everything is fourth of
july, até os covÍÍdes cá no Leblon e nele

grande estado da flÓÓrida, onde ela-TÚÚrba
quiZUMbeÔ 'ssembléia pra mó dizÊ
que isso de usÁ mÁscara é o carÁlho,
é coisa de comunista devidamente ENrrabado
por satanás-CRÂNhoTÊro______cinco da
tarde olha o café que o sol 'frouxando a
gravata vai zumBReÂndo, a noite evÉM

e os miniÓÓNS do Leblon precisam ir encher
os bares de novo - e que se fÔÔda a covid.

(*)Banda de rock estadunidense, recomendo a música "Saturday in the park".

Canção de Declínio n.2(Soneto n.600, forma Paulo Henriques Britto, à memória de Mário de Sá-Carneiro)

A vida dura o tempo justo
de perdas Incontáveis______rato ao pé do

morrote, ondas mugem seu NÃO-respeito
por garras que deviam ter Unhas,
calças que vestissem Homem.

A vida dura o tempo de as incertezas
baterem laje com cimento Mauá
e as multidões cada mês
mais silêncio de túmulo_______

morri com vãs maçanetas até enxergar
que a DisgraCÊncia andava muitos países
e a porta ali do lado era o irmão

cobrando o pulo do nono andar______ tarde
morre entr'eles galhos de minhas mãos.

Canção de Declínio, n.1(Soneto n.599, forma 3/2/7/2, à memória de Mário de Sá-Carneiro)

Depois de pronto o abre-alas
mundo acorda pr'horizontes engolindo
asfaltos, manhã no público passeio

e pelo espaço vão beijos
no comércio da Chuva.

Não sei de Mim, invejo ali o curumim
que a empregada passeia no carrinho 
chinês______ queria - como essa criança -
ainda não saber cantar o Guarani:
eu não seria então 'sse comboio
feito de cem tartarugas, Cambaaaio
de fazer DÓ___________

depois de pronto o abre-alas
eu Reparei que me perdi de seis notas.


sexta-feira, 3 de julho de 2020

Soneto Alla Anticqua(n.598, à memória de Franz Schubert, forma Inglesa)

Detrás àquela aura Escura a noite
posta______ um tanto além das árvores
sobreviventes do Estio, som de trompa:
a Vida, e seus EsmÉrios trincabrAques_______

ela-Toda nas gavetas-Décadas
esparramÊia o não pedido Entroncamento,
UM de todos, onde a Chama
nos escapa quando menos prontos,

passagem que nos Desnuda delas
MÁscaras - e no seguinte instante
somos átomos na dança do universo,
refratários quanto à auto-Consciência_________

ou então de um modo-Cânho que Não sei
nossa existência continua, Alhures...

Mais um soneto ErEngaJÁdo(n.597, forma 3/2/7/2, à memória dos 62.300 mortos pela covid no dia de hoje 03/07/2020)

Detrás daquela porta urumBOsque
vão árvores descadeiradas por ele excesso
d'Estio_______ são cento e vinte mil salas,

ninguém pôs Mão nela chuva -
sem cardinales, Bardot's

ela pensÁ em casamento
e eu nunca mais fui a escola:
sol dezembro é buNIto mas desta vez
tem um covid no enxovalhÃO deste ebó,
nesta rua - não adianta colocar ladrilho
que o meu amor infelizmente 'stará
AUSENTE - desde a semana atrasada

que ela(e mais Muitos mil) estão na boca
do bozó: "morrer todo mundo morre".(*)

(*)Imitar a voz do Bolsonaro.

Soneto-BrÓdio OndorÓ(n.596, forma 3/2/7/2, à memória de Franz Schubert, dedicado ao meu irmão André Mauro)

Céu luzeRÊnto nevÔa, vem chuvarÃO
crassEÚdo - pelas encostas verdentes
da Grajaú-Jacarepaguá sentido graj'Ú -

velhote Ferges pensa em Debret que num dia
ali pôs ela-Serra em nanquim.

Onde hoje pasta o seu rebanho de tubas
pés cambrianos rosnaram
e muitas noites fogarÉU pegou santo
e a gira fez outros átomos
cantarem novo cântico AcauÃ,
gavetas-ERAS passaaaram por ela Vênus
do Tempo___________

erê-Caminho em forma de caminho
e para sempre desde sempre-Sempre.

Soneto aos 62.300(Mortos pela covid no dia de hoje 03/07/2020. N.595, forma 3/2/7/2)

Há pelo menos TROcentos anos um TRÁque -
tão insistente como chuVÊra nas telhas -
nos fala que ela memória anda às traças

por falta de eternidade_______ o craMUlhão
vem espremendo toda lembrança

pra que ao Brasil seja "normal" falar em morte
e transformar os morrentes
em alaÚdes sem cordas e SEM tupis
que os Tanjam________ e assim nossos 62.300 -
pais mães avós - na Mesma VÁla Rastejam
que nossos índios e negros - 'STRUMBICARÁÁÁDOS
com malhas, açoite, Sangue_________

cujos nomes dos cadernos se Apagam, como
fizeram com Amarildo...

quarta-feira, 1 de julho de 2020

Quadrilha em 16 FÚças, versão Soneto (n.594, forma 3/2/7/2, para Marrí)

Mundão vasto e RonCÔlho -
teus grão-CAchimbos são olhos
penteados em pés-de-galinha,

se eu me chamasse Raimundo
nem uma rima Seria.

Teresa - a Graça n.3 dele Moraes Moreira
(e posta em disco em 1980) - era talvez
o rosto  à Lua que eu Mais buscaria
pra IR com Todas as Velas
o mais ver-Longe que possível "SÊSSE"
dessa EstruMÉÉria coVÍdica -
meridiano fácil se gargalhadas

brotassem - Fartas - das Árvores: pra ÍÍsso o mundo
teRÍÍa que não ser RonCÔlho!

Soneto do eRÊstramBÊro(Soneto n.593, forma 3/2/7/2, à memória de Leevi Madetoja e sua MUI querida Sinfonia n.1, em Fá Maior, para Luciana Quintão de Moraes)

Se canto as armas e eles-Fados re-CORRENTES -
pan-VID, minionsboNÁzis, trumPÊido -
perco mais que sete deuses na estraDÉlia,

uns tons AbÁixo me enfarRUcho
no ArrÁÁÁsto, e

se EXtinguiram para Sempre
os girassóis. Cá por dentro e lá fora
ilhas merguLHUram no mar
que em praia MÓrta se derrama Estranho,
eRÊstramBÊro que não ME encontra
elas Garras - fundamentAIS pra eXorcizar
desTÊrros_______ Crescentes as penÚMbras SÍsifas

e meus Irmãos morreram TOdos
quando Afinal me rasteJÊi pra terra...