segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Soneto, nº 143(Para Sarah Valle, Querida)

Nascer é muito Comprido:
ainda não nos habituamos
a mover nuvens com olhares-Sonho,
a desenhar cirandas em si bemol

no país de todas as crianças,
onde não há nem prata nem ouro,
nem abutres rondando fígados,
e a tarde é sempre Manhã.

Mas em vez disso o mundo é Manhattan
sobre cavalos abatendo pianos,
o Tédio veste hugo boss alegrinho
sobre o boi-Morto dos tempos______

nascer é muito Comprido: destemperança
sem brisa de Velocípedes.

Soneto, nº 142

Num arremedo de mundo
uns tabaréus catifundos explodem pontes
e plantam abismos com os pés,
dizendo haver limites para o poema_____

são na verdade cascas de gente,
sumos de Não-Pessoas como os fariseus
no tempo do Cristo-homem:
estão na porta do Aprisco, não entram,

e nem permitem quizombárias Entranças
a quem tem fome e sede de Justiça.
Acreditam que só de pão vive o homem,
e que Prometeu mereceu o que teve_____

ou seja, num arremedo de mundo
ninguém mais sonha o mesmo sonho duas vezes.

Soneto, nº 141

À beira do antiuniverso debruçado
vi rostos de vários mundos
como serpentes-Pássaras nos braços-muros
da árvore mais Antiga, plantada

por Eles Três quando os começos de Tudo
eram figueiras estéreis carregadas de frutos,
os cóses sendo trançados na velha singer
da bisavó que impôs furdunço e gramática

onde eram trevas de trezentos anos
mais sete coronéis de Troco:
o reverbério foi coisa grande,
chegante lá nas ladeiranças de Olinda_____

à beira do antiuniverso debruçado
mais me enredam Fascinário e Enigma.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Soneto-Estudo sobre a Pauleira atual em Brasília(Soneto, nº 140. Pro Luis Turiba)

Os candorós em Brasília são fuzulêra
que mais parece piadismo Rúim_____
marzão besta de Lama, o cara do Peixe Vivo
tá dando Troço dentro da tumba.

Procura no Memorial:
periga a estátua do JK
já ter-se escafedido gritando
que a coisa há muito tá Ruça, nego.

Um tal de cunha anda na Câmara
querendo a burka nos vaginóis dela Pátria,
tendo moral daquelas mais Sacripantas,
pau de galinhêro, ali no Duro_____

mais caraça de piadismo Ruim(*),
más fuzulêras nos candorós de Brasília.

(* O segundo "Ruim" é diferente do primeiro, acentuado propositalmente)

domingo, 22 de novembro de 2015

Jitiranas Setêmbreas(Soneto, nº 139)

Primeiro foram forsais de Arrimo
trazendo por Tudo
um cheiro bom daqueles quebrantos de Chuva
quando aparece, mais a gente Precise_____

dispois foram galhadas Azuis
descendo a copa das árvores,
a sacudir seus braços num Espreguício
de rede armada na varanda:

manhãs Taludas, primaveris
num fuzuê de jitiranas Setêmbreas
dançando por tudo em Roda
a vida próxima, Rente______

fui todo um barco me perdendo Alegrinho
no porto-Bom dos teus olhares de-Noite.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Cantiga Malunga Iarací(Versão soneto, nº 138)

Era uma vez mundéu Grande,
nascido nas primeiras horas do Tempo,
graças à palavra dos Três.
Houve tarde e manhã

e um céu Inteiro pras nuvens
a  a  a  a  a  a  a  n  d  a  a  a  a   r  e  e  m  de  bicicleta,
e brincarem, se muito gordas de chuva
de orquestra de trombones.

Os primeiros jardins banzavam dálias gigantes
sobre tua cabeça adormecida.
O espelho das largas águas deserenhou
versões em sânscrito de teus nove rostos.

Ó cintilação matutina
dos meus cantares Insatisfeitos!


domingo, 4 de outubro de 2015

Lindá(Soneto, nº 137. Pra Gabriela Ziegler)

Eu vi mãe d'água morena
minina, fada, Lindá______  visão mais guapa
era trans-Impossível  -  banzúrio
de Festarão nos óio gasto da gente...

No encanto da mata funda ela tarde
pousava nos braços das árvores
as mantas rubras do sol  -
e a moça, tão Gabriela, trazia

os olhos negros no corredê ligeirinho
do riachinho brincante
que não cessava de beijar-lhe os pés(pés que eu  -
bardo pluriCansado  -  sonhara um dia beijar)______

...ela mãe d'água era Bem mais que fada:
minina, moça. Lindá.