A manhã suspende os guizos da noite,
atrás de cortinas Azuis. Murmura
o gênio do bosque: roseiras dão-se as mãos,
vento despenteia as nuvens.
No lago próximo peixes movem as antenas
pra me escutarem. Pássaros bebem o
sol, devolvem oboés aos meus ouvidos,
os bichos do campo fiam minha roupa.
Preparo a mesa do Hóspede aos meus
irmãos, erês-Anjos. Três estátuas em
pedra-sabão trazem lá de Congonhas
um grande abraço do Aleijadinho____
a manhã suspende os guizos da noite:
girassóis retomam sua dança Antiga.
(Imagem: Mont Saint Victoire, de Paul Cézanne)
domingo, 22 de fevereiro de 2015
terça-feira, 17 de fevereiro de 2015
Soneto, nº 123
Perdi Marina e a esperança
num acidente de ônibus.
Desbruzundós em quebrantos,
antiliras no céu:
tudo que é flor Deflorada,
gravatéu dos infernos.
Então segui, catifundo,
segui vestido de Nada,
pranto a salas Vazias. Noite escassa,
munguba, nenhum carro amassará meu corpo,
encosto todo num poste
meu ombro reles, Nenhum_____
parangolês-Camará, perdi Marina, a esperança
num acidente de ônibus.
(Imagem: Auto-retrato, de Ismael Nery, 1930)
num acidente de ônibus.
Desbruzundós em quebrantos,
antiliras no céu:
tudo que é flor Deflorada,
gravatéu dos infernos.
Então segui, catifundo,
segui vestido de Nada,
pranto a salas Vazias. Noite escassa,
munguba, nenhum carro amassará meu corpo,
encosto todo num poste
meu ombro reles, Nenhum_____
parangolês-Camará, perdi Marina, a esperança
num acidente de ônibus.
(Imagem: Auto-retrato, de Ismael Nery, 1930)
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015
Cântico de Antares (Versão soneto, nº 122. Pro Augusto Guimaraens Cavalcanti)
Então que ainda me Existo
sob essências de pedra. Aquela nuvem distante,
os corvos em Tel-Amarna,
trigo nos estômagos do homem.
Cinquenta e seis dias fui Balaão no deserto,
eram de areia as palavras.
Primeiros deuses foram estátuas de Sal,
sob crepúsculos ainda jovens
do grande Eufrates. Houve tardes, manhãs.
Inda me Existo defronte aos Áquilas de ferro.
Areias presas em relógios
me lembram pássaros-Bronze_____
devo Existir até que o Sopro dos Três
complete o Livro dos Dias. (Imagem: Salvador Dalí, Enigma Sem Fim, 1938)
sob essências de pedra. Aquela nuvem distante,
os corvos em Tel-Amarna,
trigo nos estômagos do homem.
Cinquenta e seis dias fui Balaão no deserto,
eram de areia as palavras.
Primeiros deuses foram estátuas de Sal,
sob crepúsculos ainda jovens
do grande Eufrates. Houve tardes, manhãs.
Inda me Existo defronte aos Áquilas de ferro.
Areias presas em relógios
me lembram pássaros-Bronze_____
devo Existir até que o Sopro dos Três
complete o Livro dos Dias. (Imagem: Salvador Dalí, Enigma Sem Fim, 1938)
sábado, 14 de fevereiro de 2015
Aruã (Versão soneto, nº 121. À memória dos passarins da cidade de São Paulo)
Nos guaribuns de São Paulo
os pássaros: Fora. Desque faz-Muito
no calamar Ingranzéu
das vestes rotas do tempo____
porque homens mortos prosseguem num Desandó,
com seus ternos de chumbo, guarda-chuvas
de bronze, parindo filhos sem Asas
prum mundo corno Absurdo.
Uns angerês Catifundos
me dançam nas janelências
farfaréu do Tinhoso, ebós manducos*
de ter conserto mais Nunca_____
desque faz-Muito nas Rotas vestes do tempo
os pássaros: Fora, dos guaribuns de São Paulo.
*(Manduco: trazente, que traz algo)
(Imagem: O Café, de Portinari)
os pássaros: Fora. Desque faz-Muito
no calamar Ingranzéu
das vestes rotas do tempo____
porque homens mortos prosseguem num Desandó,
com seus ternos de chumbo, guarda-chuvas
de bronze, parindo filhos sem Asas
prum mundo corno Absurdo.
Uns angerês Catifundos
me dançam nas janelências
farfaréu do Tinhoso, ebós manducos*
de ter conserto mais Nunca_____
desque faz-Muito nas Rotas vestes do tempo
os pássaros: Fora, dos guaribuns de São Paulo.
*(Manduco: trazente, que traz algo)
(Imagem: O Café, de Portinari)
Soneto, nº 120 (Interlúdio Cambaio, nº 4)
Noite. Lua paidégua, aquilo: de fruta inconha,
mei'vesga. Silêncio
que dói nos matos
e em Mim - Carrêgo -
alma não-Lúria, Infalente. Queria mesmo
um desembêsto de festês Infantes,
mão comprida nas Cores,
mais olores-Ternura.
Mas bem Paidégua essa lua -
e me aparece de Olheiras -
zimbórios-mangues em bocarras Monstras,
mar de estrondós, tempestades____
Urupuçás de armagedons trovejantes
num ver-Silêncio catimbreu Difunto.
(Imagem: acervo da casa onde nasceu Antonio Conselheiro, em Quixeramobim - CE)
mei'vesga. Silêncio
que dói nos matos
e em Mim - Carrêgo -
alma não-Lúria, Infalente. Queria mesmo
um desembêsto de festês Infantes,
mão comprida nas Cores,
mais olores-Ternura.
Mas bem Paidégua essa lua -
e me aparece de Olheiras -
zimbórios-mangues em bocarras Monstras,
mar de estrondós, tempestades____
Urupuçás de armagedons trovejantes
num ver-Silêncio catimbreu Difunto.
(Imagem: acervo da casa onde nasceu Antonio Conselheiro, em Quixeramobim - CE)
Soneto, nº 119 (Interlúdio Cambaio, nº 3)
Entonces: diante de um mundo Corno
ter esperança é Falácia,
chusme-Açú brocoió,
malestandarte de Otário.
Deitado sobre o horizonte
espero o trem que me amasse,
mingau de sangue ordinário. Num tem roseira
nem vela que me desfaça esse Asfalto,
peito feito gerúndio vomitado a Metro
nos telemarketings do capiroto,
cidadela Intragável ver caraças de
Pirro, em sopro de xeréns-Dragões_____
três grandes Águias amanhecem no céu,
saudando a Breca deste mundo Corno.
(Imagens: Visões do Quixote, Salvador Dalí)
ter esperança é Falácia,
chusme-Açú brocoió,
malestandarte de Otário.
Deitado sobre o horizonte
espero o trem que me amasse,
mingau de sangue ordinário. Num tem roseira
nem vela que me desfaça esse Asfalto,
peito feito gerúndio vomitado a Metro
nos telemarketings do capiroto,
cidadela Intragável ver caraças de
Pirro, em sopro de xeréns-Dragões_____
três grandes Águias amanhecem no céu,
saudando a Breca deste mundo Corno.
(Imagens: Visões do Quixote, Salvador Dalí)
Soneto, nº 118 (Interlúdio Cambaio, nº 2)
Inás não mais
uns olhos verdes que Fui...
meus esperantos, meus frevos,
andam 'garrando Cinzalha_____
serras do Embú, Mantiqueira,
mumburundadas
nas estruturas: tortura
Desconchavária.
Meus eus ver-Trezentos
vão longe dos Caxambus
um dia flores, Manhãs,
meus lábios - cãs de Moimento -
são bagos de fava Inútil,
guando morto e Roncolho.
(Imagem: Quixote, de Salvador dalí)
uns olhos verdes que Fui...
meus esperantos, meus frevos,
andam 'garrando Cinzalha_____
serras do Embú, Mantiqueira,
mumburundadas
nas estruturas: tortura
Desconchavária.
Meus eus ver-Trezentos
vão longe dos Caxambus
um dia flores, Manhãs,
meus lábios - cãs de Moimento -
são bagos de fava Inútil,
guando morto e Roncolho.
(Imagem: Quixote, de Salvador dalí)
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