quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Soneto, nº 132

Terra brasilis sem ponto
de erê que Chegue pra missa:
fatura mara(*)candonga em cós de
mumicabraque_____

o mais horrendo em Mortícies

e maus retrós de amaralinas defuntas,
sujeira Adulta a masgarar quase tudo
lá no senado Roncôlho(*)

e vezeirão de só parir roubalheira

desque faz-Muito nos sertões da história,
a sacanagem(parece) trazida a pluri-mãos cheias
nas caravelas do monte Pascoal_____

terra brasilis(de Fato) mais Deserês

que Cheguem pra uma missa magra.

(*)Mara: palavra hebraica, significa "amarga"

(*)Roncôlho: gíria baiana, depreciativa, significa um sujeito
que nasceu com um ovo só no saco

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Soneto, nº 131(Desentranhado a partir de original de Sarah Valle. Pra ela)

Quero me Ir, além das bordas.
Turvar na queda as águas do Espelho,
partindo a linha do horizonte:
com sete clavas Precisas.

Os mares todos se movem, 

chacoalham seu feixe de mortos,
gáveas de galeras Extintas,
lugar pra se ouvir histórias

de mantos com rostos Úteros e encantamentos

escritos no idioma dos anjos, Floridões
de infâncias grávidas de nossas próximas mortes,
ainda assim o Longe que meus pés Avoam_____

porque me quero bem , além de beiras e bordas

onde na queda turve as águas do Espelho.

domingo, 9 de agosto de 2015

Soneto, nº 130(Para Sarah Valle)

Então você desaçambarca o meu céu
cortando a rota de fuga das estrelas.
E o mesmo céu não mais anda,
despido de pernas até o Talo da

Bacia das Almas, abaeté de Escurências

e mais flautins caindo do firmamento
junto àquele terço dos astros  -  os que vestiram de enxofre
os quatro cantos do Mundo.

Ainda assim vejo flores sobre teus ombros

quando adormeces(pendida a máquina do braço):
vejo os tritões das fontes de Roma em quizombárias Festanças
e sabiás zinindo oboés pelos ipês do meu bairro______

isso apesar do Não-céu das cinzinalhas que visto,

porque transformo a saudade em jacis-marfins de Acalanto.

quinta-feira, 30 de abril de 2015

Soneto, nº 129 (Pro cabrunco Xandu dos Ratos)

Mundo candongo Corno este
onde homens andam sem asas
desde o começo dos tempos,
órfãos dos Três por Malazártea vontade.

Espero um capeta bem Prequeté
destrancarar os portorões do Abismo,
quando avenidas despencarão pelos olhos
de quase todos, e as fábricas rangerem dentes

mastigarando as últimas árvores,
e tudo em roda não mais sentir
as Insistências da aurora, transfeita
em noite de bumerangues-Morcegos_____

então se verá novamente o Cristo Vivo,
saudando o Fim do mundo corno Candongo.

domingo, 12 de abril de 2015

Açougue Ceuta, 1920 (Ou recordança de um Rio de Janeiro beeeem mais Partido. Soneto, nº 128)

À porta do açougue Ceuta, mem de sá 38.
Acém tá caro, e roncôlho.*
E, mesmo bão, Mi-rim-bi-co*____
pra a maior parte das bocas.

Falar no mosqueiro é fácil,
são tantas e Zunzurantes
que a gente lembra o ditado:
fecha a matraca, Senããão...

Dispois mais tarde cresce a noite por Tudo.
Açogue fecha, o português
leva os bigodes, as chaves.
Leva um tanto das moscas.

A carne fica lá dentro, num Lonjurê Cafajeste
da maior parte das bocas.

(Mirimbico: mais do que impossível, segundo São Mármaro)
(Roncôlho: gíria baiana, depreciativa, significa um sujeito que nasceu com um ovo só
no saco)

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Soneto, nº 127

Sou todo um espaço de Várzeas
onde elas flores murcharam,
zimbórios Desmacanudos
carapitando nas cacundas-Alma.

Que eu: erê-Passarim
anoiteci pros abracéus das cores
desque meu pai mandou meus braços
cagalharem nos Quintos, mercê de coice

e porrada, mais Amedrôncios
de troco. Dispois das asas cortadas
num teve mandinga nem rosa
que desse jeito no Cinzéu restante_____

onde elas flores Murcharam
restaram várzeas nas cacundas-Alma.
(Imagem: La natureza herida, Manuel González Serrano)

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Estudo à mó de Caronte (Soneto, nº 126. Pros cabruncos Hugo Stutz e Ullisses Areias)

Entonces: conforme a dança da vida
se descaralha em ferrolhos e
cinzalhêras Morrentes, foz deságua no são jão
batista, ponto final de nóis-Tudo.

Isso vem desque Eles Três
chegaram rente do primeiro Adão
mostrando a porta dos fundos:
armada de capa e foice.

E desde entonces foi Coisa,
cragoatás no fiofó de nóis-Tudo,
rinchavelhos* das mortes
sem poxoréus de Saída porque

mais hoje mais amanhã: cabrunguê Desmilingue,
bate-coxa pirambêra Abaixo.
(*rinchavelho: risada enfisêmica de homens velhos,
segundo Monteiro Lobato. Imagem: Criança Morta, de Portinari, 1944)