Cidade dos homens: vi as
horas
andarem ruas inteiras
querendo aboio dos pássaros,
atrás de espelhos - Mistério.
Nuvens cambonam raios,
falam trovões sobre os ouvidos
já fartos de politices,
desabam tardes sobre edifícios
e sobre os carros despidos
de seus cavalos. Vi centauros e peixes
apagando o sol, deixando a sala
(em silêncio), a própria música
dormir no fundo dos Mares,
na cidade dos homens.
(Imagem: pintura de floresta, à noite)
Quando nasci, meu mundo
cabia no
Méier. Alguns mandaram presentes, o
anjo torto Inclusive. O tempo
era Carranca em Brasília. Entonces
foi nesse imbró que me Vim. Depois cresci,
caxanguei. Toquei piano, batina,
mais violão e punheta. Não me casei,
não morri. Não fiz nem filho nem grana,
sei javanês-Urutu. No carnaval -
Portelense - no futebol Tricolor.
Também já fui carbonário, pra nunca
mais ver tenórios
- sejam tucanos ou
sapos. Trabalho o Som das palavras,
e espero Adormecer (bem) Sorrindo.
(Imagem: O beijo, de Marc Chagall)
Enfim a gente né mais
assim
amigo um do outro Não,
como seu Mário
diria. Você repleto dessas várzeas Gordas
onde nem pulsa um renque de Escada
nos cangerês mais Cabindas agora deu
pra não-contança de história ver mãe d'água
nos ribeirões que foram nossa amizade
(você maré de
lúnios cós-em–Trevura),
meu cambonês viu desande do quanto
Mor lhe avisei que o boicabraque era
ferrugem Rente, você de empós não viu
mandinga que lhe Chamasse, agora é Fim
como seu Mário diria: você candongo
de mar, você candongo de rio...
(Imagem: Eco Morfológico, de Salvador Dalí)
Praça são salvador. As
namoradas
que nunca tive fazem biscoitos de
chumbo pra mode que eu degustrôncio
e nada dele Amarildo. A noite
é ver caporas capitães do mato
nas janelências outrora guapas de
Infância, sendo Outra repartição
que funcionava assim movida
pelo sopro do Hóspede: onde Emaús
nas Cinco Salas de todos. Mas hoje
um burburéu catifundo trombona
mãos de petróleo e trinta peças de
prata jerê-Candonga por tudo em
Roda. Ninguém mais vendo Amarildo.
(Imagem: O grande masturbador, de Salvador Dalí)
Às vagas de um não
conter-Me -
imensas, fartas, tão... Diluviais -
Avulta agora um lembrar de quanto pode
em seus arnês-Deserto a lua Negra,
e seus dragões subsequentes...
erguer-se a brisa sem tugirem folhas...
pairar de abelhas onde não há flores...
e tudo em roda a primavera Jacinta___
como se o Ferro das nuvens: assim
vivente desque Mundo esse mundo -
meus passos seguem xeréns desconformes,
orixás descalçados de benguês, Monções___
pra trás - cores sóis, aguaçais, a Vida
agora - sombras, noitidão Infinda.
(Imagem: Pintura de Ismael Nery)
Mundo, por tuas praças
retintas passam mercês
vestidas em quarta-feira, seguindo um Luto
após a morte das flores. Desandam pontes
sobre céus já saturados pelos edifícios.
Segue apagada a lamparina do Encanto
nos anjos mortos desde o grande Crepúsculo
já tênue nos baroléus da Memória, onde
repousa Emaús em velha estrada Emboaba.
Coelhos dançam num sânscrito o calabouço
de cinco taças, Caronte espreita detrás
de espelhos presos nos olhos, túneis mais Nunca
dando canções da Manhã, sem mares
intermináveis um Dia. Águias recolhem os homens
das horas Findas, a Virgem apaga as últimas árvores.
(Imagem: Composição surrealista, de Ismael Nery)
Eu existo pra ver o Fim
dessa baiúca que
chamam de Mundo, quando as estrelas e a Virgem
chutarem os homens de seus pretensos altares,
de suas panóplias Descaralhadas:
preciso ver Sarravulho nos furâmburos
desses mulambos que se acham Coisa,
ver Madalena Maria, que teve o Nome
jogado em fosso niceno,
as obras do Aleijadinho julgando todos
os homens, corais Imensos no céu
regidos por Jaime Ovalle, ver riobaldos jarins,
grandes pequenos indo pra UM de dois mundos____
de um lado as bodas do
Hóspede, do outro
os Quizabruns dos infernos. Visto de ida, e CABUM !
(Imagem: Cristo de São João da Cruz, de Salvador Dalí)