terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Soneto Inglês, n° 69 (Desentranhado a partir de original de Catarina Rosa Muirin. Pro amigo Luis Turiba)

Intui a claridade: as sombras dos troncos
coagulam pelas Esferas  -  serenidade
florestal Poente escriturada à fonte, e
não fulguram quadrados-Sóis pelas retinas

do animal repleto de penas. Ao lado,

à noite, respira o musgo oblíquo do Sono
com seus azúleos caminhos de folhas onde
se perdem os poemas, estátuas que pesam

na voz Outônea, também Solstícios que as bruxas

dançavam com a maternidade nos dedos,
os mapas mor-Luminância: fundamentares
nos fogos a estenderem garras nas árvores____

tudo um bailo de Síncopas e sons e sêmens

no relicário da noite imposta, Muíria.








(Imagem: Salvador Dalí)



Tetris (Soneto Inglês, n° 68. Desentranhado a partir de original de Catarina Rosa Muirin)

Escamaturas onde uns olhos fermentam
escadas Zéfiras sem lei nem Pontes,
onde era a pele a me entranhar desertos  -
veias claras tingindo em Hora as areias...

mercês-Idade: um cavalano de

pátios ver lusco-fósforo  Extinto,
depois  Silêncio, noitidão mais vasta
que alfazemada se come entre Espelhos____

porque vigindo em deuses plenos de

Barro e dez crepúsculos vestindo
indícios onde os manhares  Nevoam:
demais  a pele a me entranhar desertos...

a morte____ Andária, sobre a cabeça,

dependurada, e cheia de árvores.
(Imagem: Nature Morte au vieux soulier, de Miró)

Soneto Inglês, n° 67

...o pavimento Madura
um bailarino perfume.
Três luas gordas Cantigam
os iribós desfraldados  -

modício  -  odara Inteira.

Entre manhuns e poréns
ninguém desbasta alcantis
armado em pembas de asfalto.

O pavimento  -  onde piso:

erês-Moldura de perfumolências
em régia Dançometria. Problema
pras Não-pessoas, sempre tão duras

de espinhaço e pescoço. Sem cores

e caborés, num desenrôsque  de Infâncias.

Mundéu (Soneto Inglês, n° 66)

Tarde. Mundo passa,
carro-de-boi, nas Cinco Salas:
gente voa, Pássara,
no chão da vida.

O canto do trem de ferro

inda agorinha Minas.
Carquejo de Cambuquira -
as águas Mágicas,

'calanto das nuvens

onde Esperanto____
desvão de Mim,
também Mundéu,

Quissamã

de  Amanhãs.

(Imagem: Serra de Itatiaia, de Guignard) 

Esboço a Carvão (Soneto Inglês, n° 65)

Marrano em foz-Navegança
as naus pastoras em gestas de nuvens,
que o sentimento da  Chuva
um cachambi, de tão Sonhos...

em vés talvez:

que ultramarina a moça grande,
aquele som das Geraes
nos ouros do apogeu de Então...

erês-Brasília foi toda a terra planalta

que meu pai viu quando na casa da ponte
onde mil céus de Goiás
na voz demais Coralina

girão de Aléns os meus sonoros junhos,

eu de bantós ver Guaxim.
(Imagem: Circo, de Portinari)

Soneto Inglês, n° 64 (Pra amiga Emanuela Helena)

Mundo-Caim, quéde Amarildo? - 
 perguntam os Três enquanto o resto dos homens
 imola as últimas árvores, não vendo
 o tiro no pé, nem as bocas do inferno

com seus mortos num Quizumbró -

lembrança Amarga de um mundo
que deixa os homens sem  Rosto
antes da mão do Carrasco.

Na mesa Antiga de pedra secaram

os braços de Mar, dragões dinamitaram terraços -
levavam ao coração do Hóspede - hoje as palavras
estão na boca das armas, são cais desertos

o que ainda gritam os altares. O mais: barrício
de erês-Culturas  Jacintas.
(Imagem: Enterro, de Portinari)

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Soneto Inglês,nº 63

As nuvens: aimaras enormes,
parecem saber meu Nome.
Agosto dança as marés 
mas vi, Senhora, a lua negra.

No bosque antigo as estrelas

plantam mandioca na terra,
fertilizam mulheres
sob a largura do tempo.

Esferas e ampulhetas dançam

a semente do poeta futuro.
O filho pródigo despenteia horizontes,
abraça o amigo, o inimigo

lanternas de fogo nas mãos:

estrada  para Emaús.

(Imagem: sonho causado pelo vôo de uma abelha ao redor de uma romã um segundo antes de acordar, de Salvador Dalí)